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LUANDA
Há dias li nas páginas sociais, assim aqui e aqui, que Nelson “Bonavena” Pestana, analista político, docente e investigador da UCAN e dirigente do Bloco Democrático, e Kalamata Numa, secretário-geral da UNITA e deputado nacional, teriam sido censurados pelo novo director-geral da Emissora Católica de Angola “Rádio Ecclésia” (ECA), Quintino Kandandji.
Em causa duas notícias do Magazine da Rádio Diocesana de Benguela, um espaço de informação generalista produzido pela aquela emissora católica emitida, em regra, todas as segundas, entre às 9 e 10 horas na Ecclésia. A primeira notícia reportava-se e informava sobre o debate, em Benguela, promovido pela ONG “Omunga” e ao espaço cívico “Quintas de debate” onde o analista Nelson Pestana proferiu um tema sob o título “A intolerância política em Angola e suas implicações”, que teve como orador, o docente universitário e político. A outra notícia informava que Numa, enquanto deputado e dirigente da UNITA, num comício no Cubal, província de Benguela, saudou os 46 anos da fundação da UNITA. O caso, já de si inquietante porque há uma clara e manifesta atitude de censura, torna-se mais preocupante os dois criticaram – um direito a que assiste qualquer cidadão, desde que feito dentro dos limites naturais de respeito – o presidente da República, José Eduardo dos Santos. Do que sei estavam em causa os ataques que os manifestantes sofreram sob o olhar, no imediato, pouco interventivo, das autoridades. É incompreensível que uma das primeiras medidas do novo director-geral da ECA-Ecclésia tenha sido uma dupla e ininteligível censura. Mas se tivermos em conta o que reporta o Semanário Angolense, na sua última edição (458, de 24/Março/2012, p.6), parece-me que este nova personalidade não estará a fazer muito bem a um órgão informativo que mais credibilidade tinha junto da população luandense – o Poder continua a cercear as emissões da ECA para a cidade de Luanda. Segundo aquele semanário, pela pena de Romão Brandão, no passado dia 19 de Março pp., dia do 15º aniversário da reabertura do sinal da ECA, devido ao encerramento que tinha sido objecto pelo anterior regime nacional, o que aconteceu (acontece) é um clima de crispação entre os jornalistas e outros funcionários devido, segundo aquela fonte, a um anormal chapéu censório – que parece ter sido mais efectivo após a visita da Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira – e a um reduzido quadro remuneratório que, esperavam, viesse a aumentar e não se verifica. Acresce a isso, o facto da ECA ter acabado com alguns dos programas desportivos, substituindo-os por música de fundo, ou suspendendo com os programas directos e só emitindo-os após gravação. Como se o ambiente já não fosse dos mais agradáveis, na passada quarta-feira, dia 21, o chefe do departamento de informação da ECA-Rádio Ecclésia, Walter Cristóvão terá sido suspenso da condução do seu “Manhã Ecclésia”, um programa bastante popular onde nas últimas semanas os ouvintes telefonavam para dar a sua opinião e tecer as suas criticas sobre ocorrências que se registaram, recentemente, na capital do país. Registe-se, ainda, que a ECA parece ter se esquecido ou indiferente com as notícias que ostentavam a conferência da CASA, de Abel Chivukuvuku, e outro sobre uma entrevista do antigo Secretario Geral do MPLA e ex-primeiro-ministro, Marcolino Moco, onde terá proferido algumas revelações de paridade entre a Igreja e o Poder. E para que as dúvidas quanto à eventual pouca imparcialidade da ECA, nos últimos tempos, precisamente sobre as pretensas denúncias de Marcolino Moco, que dizer das palavras de D. Francisco Mata Mourisca, durante a conferência de imprensa da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé), onde, a uma pergunta de um jornalista da um órgão internacional, terá acusado Moco de mentiroso porque, segundo parece, uma das denúncias terá sido a existência de uma eventual reunião entre alguns bispos e elementos próximos do Poder para, segundo se crê, moderar algumas eventuais críticas aos eternos louvaminheiros do Poder, além de, por mera coincidência, por certo, estar prevista a entrega de um terreno no Kilambi Kiaxi, para a edificação de uma igreja nesta nova centralidade. Esperemos que tudo não passe de mal-entendidos e que a ECA-Rádio Ecclésia volte a ser aquilo que tanto desejamos para Angola e para os angolanos: um farol do bom Mídia e um claro guia de liberdade. Eugénio Costa Almeida
2 Comments
3/27/2012 08:01:36 am
Caríssimo Eugénio:
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