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LUANDA
A cem dias da marcação das eleições em Angola, o partido da situação e os diversos partidos da oposição já estão em pré-campanha eleitoral.
O eleitorado vai acompanhando com crescente interesse, as medidas apelativas do Executivo chefiado pelo candidato do MPLA, numa tentativa desesperada de «lavar a cara» em relação as falsas promessas nas eleições de 2008, mais conhecidas pelo “MILHÃO”,… um milhão de casas, de empregos, etc, etc, etc. Mas e a oposição Angolana, como é que anda?! - Eis a questão mais relevante para análise. Todos nós sabemos, que os partidos vão para a campanha eleitoral em posição desigual. Um, por ser quem manda (ainda…) no Executivo, tem tudo e mais alguma coisa, para partir numa posição dominante até a DERROTA final. Outro, por ser (ainda…) o maior partido da oposição, tanto fala «grosso» numa tentativa de chamar atenção do eleitorado, que por razões históricas cabe-lhe a posição de alternância ( e não de mudança ), como faz parceria de exploração de diamantes com a estatal ENDIAMA E.P., e passeatas coloridas e bem comportadas, num pleno exercício constitucional, mas sem nada de substancial a transmitir ao eleitorado. Em contraponto vai tendo um Deputado ex-general, que vai inflamando os seus militantes e simpatizantes, nos seus comícios, um pouco a prepará-los para uma anunciada DERROTA, apregoada pelo maioritário. Estes são os dois históricos partidos ex-beligerantes, a quem o eleitorado vira as costas e olha para os outros partidos da oposição com esperança. A “corrida eleitoral” da oposição Angolana, exige um conjunto de caraterísticas que venham a elucidar o eleitorado, com simplicidade, transparência e objetividade, sobre a premente necessidade de MUDANÇA no País! A maioria dos eleitores, são humildes, jovens e mulheres, que se sacrificam diariamente por uma vida digna, para sobreviverem e dar uma vida melhor aos seus familiares e sentem na pele, os entraves que o poder instituído lhes coloca, que os engana com as suas explicações esfarrapadas, por não terem água potável, saneamento público, eletricidade, uma CASA, um serviço de saúde eficiente, escolas para todos, formação e qualificação profissional, emprego,… enfim, tudo aquilo a que tem direito, mas que o Executivo não cumpre. A mensagem eleitoral tem que ser transparente, indicando as soluções para os problemas prementes do povo, sem grandes números aleatórios e enganadores, sem colorir demasiado a triste realidade atual da vivência da maioria dos Angolanos, mas dando a oportunidade de acreditarem que chegou a sua HORA de viverem com dignidade numa Angola, que é sua. Para isso, o eleitorado têm de votar, num grupo amplo de pessoas que dando as mãos, vão convergir num único objetivo comum: UNIDOS VAMOS DERROTAR O MESMO ADVERSÁRIO, o MPLA e o seu Presidente! É neste espaço político, que surge uma Coligação Eleitoral, a CASA-CE, de « portas escancaradas » para receber o Povo Angolano que acredita na MUDANÇA, independentemente das suas ideologias, religião, grupo étnico, raça ou outra diferença social, económica, cultural e política. Mas o caminho é difícil e requer competência, astúcia, franqueza, organização interna e de massas, uso de todos os meios tecnológicos para passar a mensagem e controlar os resultados, pro-atividade e auscultação das necessidades do eleitorado, formação dos seus agentes eleitorais e prevenir-se contra os obstáculos oportunistas de cariz eleitoral. Desta forma, a CASA-CE, através dos seus órgãos internos, dirigentes, militantes, simpatizantes e amigos, trabalham afincadamente para que o VOTO ÚTIL, seja o meio para a MUDANÇA em Angola, e o Povo Angolano usufrua na sua plenitude das riquezas do seu país, que ao longo das últimas décadas estiveram «cativas» pela nomenklatura. Chegou a nossa HORA! Carlos Lopes
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As primeiras manifestações em Luanda surgiram um pouco depois da primavera árabe, a reacção do regime foi visceral, ao ponto, de ser considerada temerária e patética. Na fase inicial, os principais partidos da oposição adoptaram posições neutrais, não caíram na tentação do aproveitamento político através da demagogia e do populismo fácil, sempre tão frequentes nestas ocasiões, mas o descontentamento existia e era real.
No entanto, com o intensificar do fenómeno, assistiram-se à manifestações de apoio ao Governo e as respectivas contra-manifestações, algumas de grande alcance, surpreendentes ou não, pela sua grande capacidade de mobilização, tendo em conta os parcos meios de alguns partidos na cena nacional. O vento passou, e as sementes foram lançadas, apenas os ditos temerários eram conscientes do alcance destas manifestações. Os restantes mortais vivíamos no limbo, desconhecíamos uma realidade chamada ex-combatentes. As sementes cresceram, a insatisfação perante as desigualdades e as dificuldades experimentadas pela generalidade da população no seu quotidiano, deu lugar, a um descontentamento cada vez mais profundo, em democracia o alvo do mal-estar da população é sempre o Governo, uma realidade com a qual as autoridades se sentem ainda bastante desconfortáveis. A população foi perdendo medo em expressar o seu descontentamento, enquanto, no executivo o medo foi-se apoderando. Um medo justificado, o medo do contágio transversal a toda à sociedade, parece-me, que aconteceu, o sintoma, as manifestações dos ex-combatentes na baixa da Luanda com as forças da ordem, obrigadas a usar o recurso à força para dispersar. Tanta desigualdade, tanta riqueza mal distribuída, apenas, poderia contribuir para uma bomba social, com um equilíbrio instável. É preciso reconhecer que houve uma transformação no país, talvez, não com a velocidade desejada e nem com as prioridades estabelecidas, mas existiu uma transformação, mas é uma transformação que apenas abrange uma minoria e exclui uma maioria. Não convém esquecer que em Luanda ainda prolifera muito arsenal de Guerra e quem não tem nada a perder, não se importa de sacrificar a sua vida e a dos demais. O Governo deveria estar mais atento e consciente a está realidade porque um dia corremos o risco de acordar e não estar mais no purgatório mas sim no inferno. Miguel Amaral Vinte anos depois das primeiras armas se terem calado com os ventos frouxos de Bicesse, voltaram a ouvir-se hoje tiros na baixa de Luanda.
O GPL diz que não há vítimas a lamentar, apesar das medidas repressivas que foram tomadas. Quero desesperadamente acreditar que sim, que é verdade, que o sangue do angolano não voltou a ensopar o asfalto, mas as informações que nos chegam do outro lado não são concordantes. Alguém viu por aí o contraditório? Alguém foi aos hospitais? Quero acreditar que só há vítimas do abandono, do desprezo, do egoísmo e dos desvios permanentes dos fundos públicos, dos milhões e milhões que desaparecem de todas as caixas e institutos, diante da apatia do Tribunal de Contas e da PGR que olham para o lado e ignoram as notícias e as denuncias que se repetem. Vinte anos depois começaram a ser pagos os últimos subsídios de desmobilização e voltou a falar-se em reinserção social dos desmobilizados ou no seu enquadramento nos esquemas de pensões existentes. Oiço na rádio um oficial das FAA com a voz pausada a dizer que está tudo bem, que está tudo a correr normalmente, que os subsídios estão a ser pagos sem problemas e que a etapa seguinte é a reinserção social havendo apenas um pequeno problema neste âmbito pois a maior parte dos desmobilizados já tem mais de cinquenta anos. Depois oiço o novo "bombeiro" da companhia, que atende pelo nome de Bento Kangamba, a puxar as orelhas aos seus antigos companheiros dizendo-lhes que não tinham necessidade nenhuma de irem fazer confusão em frente à embaixada dos EUA. "Um desmobilizado não tem nada que ir na embaixada"- aconselhou o general na reserva que agora virou cabo eleitoral e já tem lugar a espera no parlamento. Ainda vou ouvir alguém dizer que toda esta fome que anda por aí , não passa de uma manobra da oposição e que os objectivos são outros. Ainda vou ouvir alguém dizer que vinte anos, feitas bem as contas, afinal nem é assim tanto tempo, para quê tanto nervosismo, fiquem calmos que o nosso Governo vai resolver tudo. É preciso é tempo. Não se pode pagar todos no mesmo dia. São muitos e chatos... De facto se não houvesse manifestações, podiam passar-se mais vinte anos que ninguém ouvia nada, que ninguém dava conta de nada, para além das vítimas do esquecimento, as suas famílias, os que estão a engordar com os desvios e... os cemitérios. Reginaldo Silva As duas declarações políticas produzidas pelo MPLA e a UNITA para assinalar o 10º aniversário da paz definitiva apenas são convergentes na constatação de que o país vive há dez anos sem guerra e mesmo assim o Galo Negro diverge ao considerar que em Cabinda existe "uma guerra de baixa intensidade entre o Governo de Angola e a FLEC, com interminável cortejo de mortes, desaparecimentos e detenções".
Ao ler-se os dois textos, a sensação com que se fica é que existem duas Angolas distintas que coabitam no mesmo espaço geográfico, com velocidades completamente desiguais. Será possível termos um país assim, tão tão diferente e tão contraditório? Será possível fazerem-se leituras da mesma realidade tão antagónicas, mesmo entre adversários políticos de longa data que já se odiaram de morte e agora detestam-se visceralmente? Mesmo admitindo que na política os discursos da situação e da oposição são sempre conflituantes por razões de estratégia, estas duas declarações falam de facto e de jure de países diferentes, o que nos deixa, enquanto jornalistas, sem saber bem por onde ir e o que dizer. Ser ou não ser (verdade), eis a questão? No famoso poema de Shakespeare, Hammlet interroga-se: "Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre/ Em nosso espírito sofrer pedras e setas/Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,/Ou insurgir-nos contra um mar de provocações/ E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais;" Mesmo estando nós em ano de eleições, a verdade mantém-se um objectivo a alcançar na agenda da honestidade intelectual, que é um valor inalterável que mesmo a política não devia prescindir. Se alguém que não conhecesse a realidade angolana, lhe fosse dado a ler os dois textos suprimindo-lhe as referências a Angola, a pessoa em causa não teria muitas dúvidas em chegar a conclusão que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que, portanto, são alusões feitas a dois países diferentes. Para "facilitar" as coisas diríamos que nas duas declarações há verdades que nos aproximam de um país real chamado Angola, ficando, contudo, muito difícil fazer um país juntando as duas partes. Então o que teremos assim, se o país continua a existir com as duas partes juntas? Restará saber como é que os angolanos encaram o país, o que em política/democracias representativas, com todas as grandes limitações deste exercício, só é possível saber "através" das eleições, se elas forem realmente livres, justas e transparentes, para quem ainda acredita nesta possibilidade nas condições concretas de Angola. Como já tive em 2008, mantenho as minhas, muitas, dúvidas a este respeito, pois não é possível atingir um tal desiderato se desde logo a pré-campanha eleitoral é feita apenas pelo partido da situação e o seu candidato. Tenho muitas dúvidas se desde logo mais de 90% da média existente no país só veicula a posição de um dos contendores e recusa abrir os seus espaços ao debate contraditório de ideias. Tenho muitas dúvidas se vivemos num país onde a televisão que é de todos nós está há mais de seis anos sem entrevistar o líder da maior partido da oposição e nunca fez até agora uma única entrevista de fundo com o Presidente que nos governa há mais de 32 anos. Disse, sublinho, uma entrevista de fundo. Tenho muitas dúvidas a respeito de muito mais coisas o que só prova uma coisa que ninguém me pode desmentir quer (não) concorde comigo ou "sem-migo": Vivo em Angola, e é de Angola que falo, dez anos depois das armas se terem calado... Reginaldo Silva O abandono de Abel Chivukuvuku não constituiu propriamente uma surpresa, já existiam vários indícios sobre a sua ruptura com as linhas orientadoras da UNITA. As suas divergências eram manifestas e inconciliáveis. A saída de Abel Chivukuvuku poderá ter um efeito de arrastamento noutros quadros proeminentes da UNITA e provocar uma hemorragia política no seio do partido, principalmente, se o novo projecto político de Abel Chivukuvuku tiver consistência e for mobilizador.
A posição actual da UNITA, já era frágil, devido a preponderância política avassaladora do MPLA no contexto político angolano, com uma maioria absoluta de 80%, a margem de actuação do principal partido da oposição era diminuta e extremamente difícil. Nesta nova Era, a UNITA teve dificuldade em reinventar-se, viveu demasiado presa a um passado que estigmatiza em excesso o partido no presente, não acho que o partido deva renegar o seu legado, mas deve centrar-se no futuro. O futuro são os problemas e as carências da população, definir um modelo de desenvolvimento para o país e uma orientação política adequada. A ausência, a inercia, a resistência à mudança, possivelmente, motivaram a decisão de Abel Chivukuvuku, em iniciar um projecto político sem o peso do passado e orientado para o futuro. É difícil determinar o impacto desta saída na UNITA, mas parece claro, que é uma decisão que beneficia o MPLA, porque parte da premissa, dividir para reinar. Pode existir uma fragmentação e dispersão do eleitorado da UNITA, algo que penaliza o partido. O dilema dos dirigentes da UNITA é determinar a sua amplitude e o seu impacto. Registo a normalidade democrática em todo o processo, revelador de maturidade política, principalmente, num momento de extrema dificuldade para o partido, também saliento a normalidade institucional do principal partido da oposição em relação ao partido no poder. Um trajecto difícil de traçar, a credibilidade nunca se alcançou numa questão de dias. Penso que a UNITA deve ter consciência que estamos num outro tempo, a política faz-se de outra forma, tem uma componente cada vez mais profissional, utiliza novos conceitos, o marketing político é um lugar comum, saber gerir a imagem e saber comunicar a mensagem são factores chave. O conteúdo político, económico e social também não pode ser descurado, principalmente, para quem faz oposição. Por isso, fiquei surpreso, quando consultei o Google, com o intuito de saber, se a UNITA tinha um site na internet, para minha surpresa tem, mas pude constatar que ele apenas existe desde 2012, segundo a data expressa no copyright. Um pouco tarde, ninguém espera por ninguém, Abel também não esperou. Pedro Van-Dúnem O Dr. Abel Chivukuvuku, apresentou hoje em Luanda uma estratégia política que garante aos angolanos, um teto que os protejam dos abusos do poder instituído na cidade alta, umas paredes de forma que os cidadãos se sintam seguros na sociedade e uns alicerces assentes na Democracia e no Estado de Direito.
“CASA -, a nossa casa comum , cujos componentes, buscam a realização de uma vida nova para Angola e para os angolanos.” – cito Chivukuvuku. A convergência ampla dos cidadãos contra o despotismo do partido da situação, a ser derrubado eleitoralmente nas próximas eleições, vai ser a salvação de Angola. Não vai ser um partido isolado, ou uma coligação, que consegue uma vitória eleitoral em Angola. Só uma convergência ampla da oposição pode provocar a mudança no poder em Angola e com isso, facultar aos Angolanos a dignidade e a esperança numa vida melhor para si e para as futuras gerações. “Concidadãos, é chegada a hora de nos posicionarmos e de mãos dadas darmos o nosso melhor contributo para tornar esta Angola a Terra dos nossos sonhos.” – cito Chivukuvuku. É hora de refletirmos sobre a prevalência dos nossos interesses individuais em detrimento do bem estar de todos os angolanos ou convergir-mos, para um objectivo comum e amplo, para salvar-mos a Pátria da ditadura, que só irá persistir, se não tivermos a vontade de mudar e reconstruir uma Nação, onde a vida tem valor, a família tem valor, o trabalho é valorizado, a habitação, a saúde, a educação, o combate a pobreza são prioridades nacionais a serem cumpridas, e não meras promessas eleitorais. Temos que confrontar a nomenklatura reinante em Luanda, com a realidade revolucionária dos jovens, que se manifestam contra a tirania, com as necessidades das mulheres, dos desempregados, apoiando a iniciativa empresarial geradora de riqueza e emprego, para uma melhor redistribuição dos proveitos fiscais e da produção nacional no seu todo. A proatividade dos políticos nacionais é uma exigência dos angolanos, que vêm na CASA, um movimento dinâmico e agregador do povo com os seus dirigentes, que vise a satisfação das necessidades elementares dos cidadãos. Assim, reafirmo: TUDO POR ANGOLA E UMA ANGOLA PARA TODOS. Carlos Lopes Em Angola copiamos muita coisa que vem do Brasil, incluindo o sotaque e o “português mal falado” dos seus mais de 100 milhões de habitantes. O que não copiamos, sobretudo ao nível das instituições que integram o aparelho governativo angolano, são as boas práticas de gestão da coisa pública que já vão fazendo escola no Brasil de Lula e de Dilma, a marcar uma diferença substancial com o passado recente daquele gigante latino-americano.
Como estamos em ano de eleições e por que, de facto, são mais do que muitos os reparos que estão a ser feitos ao desempenho das entidades que exercem o poder público em Angola no seu relacionamento com os partidos políticos concorrentes, gostaríamos de salientar que a legislação eleitoral brasileira não permite a nossa “confusão”, que é total e absoluta. As normas de conduta brasileiras são completamente alérgicas à forma como está a ser praticado entre nós o “desporto” eleitoral. Os brasileiros sabem, por exemplo, que “durante a campanha, está proibida a propaganda institucional ou oficial. Entende-se que nem a autorização, nem a própria propaganda podem ocorrer nesse período”. Os brasileiros sabem ainda que está igualmente proibida “a distribuição gratuita de bens e serviços públicos em beneficio de candidato em ano de eleição; não se proíbe a distribuição regular de bens e serviços (merenda escolar, livros didácticos, campanha do leite, vacinações, assistência judiciária gratuita, etc), mas sim o uso promocional e político. Os brasileiros sabem tudo isto e muito mais em nome de um bem jurídico-constitucional altamente protegido que é “a igualdade na eleição” e que teve como consequência a definição de um conjunto de condutas vedadas aos agentes públicos em campanha eleitoral. Tais condutas são actos bem definidos na lei e que se caracterizam pelo abuso do poder político, pela exploração da máquina administrativa ou de recursos estatais em proveito de uma candidatura. Importa referir que o nosso Código de Conduta Eleitoral também tem disposições suficientes (embora muito genéricas) para fazer face ao “caos” que se instalou nas nossas bandas. Em 2008, recorde-se, no centro das atenções esteve o activo e decisivo papel desempenhado na campanha eleitoral pelo Presidente da República a favor do partido da situação a par das mega-toneladas de propaganda institucional do governo, complementado pela “cobertura jornalística” dos médias estatais, num verdadeiro golpe de misericórdia contra a oposição. Reginaldo Silva Há dias li nas páginas sociais, assim aqui e aqui, que Nelson “Bonavena” Pestana, analista político, docente e investigador da UCAN e dirigente do Bloco Democrático, e Kalamata Numa, secretário-geral da UNITA e deputado nacional, teriam sido censurados pelo novo director-geral da Emissora Católica de Angola “Rádio Ecclésia” (ECA), Quintino Kandandji.
Em causa duas notícias do Magazine da Rádio Diocesana de Benguela, um espaço de informação generalista produzido pela aquela emissora católica emitida, em regra, todas as segundas, entre às 9 e 10 horas na Ecclésia. A primeira notícia reportava-se e informava sobre o debate, em Benguela, promovido pela ONG “Omunga” e ao espaço cívico “Quintas de debate” onde o analista Nelson Pestana proferiu um tema sob o título “A intolerância política em Angola e suas implicações”, que teve como orador, o docente universitário e político. A outra notícia informava que Numa, enquanto deputado e dirigente da UNITA, num comício no Cubal, província de Benguela, saudou os 46 anos da fundação da UNITA. O caso, já de si inquietante porque há uma clara e manifesta atitude de censura, torna-se mais preocupante os dois criticaram – um direito a que assiste qualquer cidadão, desde que feito dentro dos limites naturais de respeito – o presidente da República, José Eduardo dos Santos. Do que sei estavam em causa os ataques que os manifestantes sofreram sob o olhar, no imediato, pouco interventivo, das autoridades. É incompreensível que uma das primeiras medidas do novo director-geral da ECA-Ecclésia tenha sido uma dupla e ininteligível censura. Mas se tivermos em conta o que reporta o Semanário Angolense, na sua última edição (458, de 24/Março/2012, p.6), parece-me que este nova personalidade não estará a fazer muito bem a um órgão informativo que mais credibilidade tinha junto da população luandense – o Poder continua a cercear as emissões da ECA para a cidade de Luanda. Segundo aquele semanário, pela pena de Romão Brandão, no passado dia 19 de Março pp., dia do 15º aniversário da reabertura do sinal da ECA, devido ao encerramento que tinha sido objecto pelo anterior regime nacional, o que aconteceu (acontece) é um clima de crispação entre os jornalistas e outros funcionários devido, segundo aquela fonte, a um anormal chapéu censório – que parece ter sido mais efectivo após a visita da Ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira – e a um reduzido quadro remuneratório que, esperavam, viesse a aumentar e não se verifica. Acresce a isso, o facto da ECA ter acabado com alguns dos programas desportivos, substituindo-os por música de fundo, ou suspendendo com os programas directos e só emitindo-os após gravação. Como se o ambiente já não fosse dos mais agradáveis, na passada quarta-feira, dia 21, o chefe do departamento de informação da ECA-Rádio Ecclésia, Walter Cristóvão terá sido suspenso da condução do seu “Manhã Ecclésia”, um programa bastante popular onde nas últimas semanas os ouvintes telefonavam para dar a sua opinião e tecer as suas criticas sobre ocorrências que se registaram, recentemente, na capital do país. Registe-se, ainda, que a ECA parece ter se esquecido ou indiferente com as notícias que ostentavam a conferência da CASA, de Abel Chivukuvuku, e outro sobre uma entrevista do antigo Secretario Geral do MPLA e ex-primeiro-ministro, Marcolino Moco, onde terá proferido algumas revelações de paridade entre a Igreja e o Poder. E para que as dúvidas quanto à eventual pouca imparcialidade da ECA, nos últimos tempos, precisamente sobre as pretensas denúncias de Marcolino Moco, que dizer das palavras de D. Francisco Mata Mourisca, durante a conferência de imprensa da CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé), onde, a uma pergunta de um jornalista da um órgão internacional, terá acusado Moco de mentiroso porque, segundo parece, uma das denúncias terá sido a existência de uma eventual reunião entre alguns bispos e elementos próximos do Poder para, segundo se crê, moderar algumas eventuais críticas aos eternos louvaminheiros do Poder, além de, por mera coincidência, por certo, estar prevista a entrega de um terreno no Kilambi Kiaxi, para a edificação de uma igreja nesta nova centralidade. Esperemos que tudo não passe de mal-entendidos e que a ECA-Rádio Ecclésia volte a ser aquilo que tanto desejamos para Angola e para os angolanos: um farol do bom Mídia e um claro guia de liberdade. Eugénio Costa Almeida Com a devida vênia, respigamos do mais recente texto de opinião que Gustavo Costa escreveu no Novo Jornal, com o título "Medo do medo", algumas referências feitas ao desempenho político do embaixador Ambrósio Lukoki, que, ao que julgamos saber, têm a ver com o recente "ping-pong" que ele protagonizou com JES durante a última reunião do CC do MPLA. (...)
"Ao objectar essa tendência fúnebre, Ambrósio Lukoki, sempre decidido a dizer o que pensa, tem-no feito com as janelas abertas. Sem tibiezas e contrariando o espírito de resignação, Lukoki tem sido das raras vozes que lá dentro, não se tem coibido de fazer avaliações críticas à forma como tem sido (mal) gerida a distribuição da riqueza nacional. Fá-lo a frente de toda a gente. Que eu saiba,o embaixador de Angola na Tanzânia por causa dessas críticas, não foi lançado à fogueira… Ninguém duvida de que há questões materiais que aqueles que se sentem visados não resolveram, o MPLA não resolveu e que o Presidente, inevitavelmente à beira do seu próprio último ciclo, ao ter gerido mal, deixou muitas “feridas” por sarar"." (...) "Alertar o Presidente para o risco de enveredarmos para apostas desajustadas na estratégia da internacionalização da nossa economia,para políticas sociais erradas, para a manipulação de estatísticas ou para o branqueamento de certas práticas governativas, em lugar de ser um“crime”, deve antes ser visto como um aditivo preventivo à boa governação. É disso, que o Presidente espera dos seus colaboradores. É disso, que a sociedade espera dos nossos políticos e governantes. Sem medo do medo". (Gustavo Costa) No posfácio que Ambrósio Lukoki escreveu para o livro "Maquis e Arredores" de Siona Casimiro (Abril 2011), pode ler-se a seguinte passagem: "O questionamento permanente de onde viemos, quem somos e para onde estaremos a caminhar na construção de uma Nova Angola politicamente poderosa, economicamente viável e militarmente potente, interpela a todos nós, enquanto Angolanos-Cidadãos. O Povo Angolano está mais e mais esclarecido, ciente dos seus direitos e deveres. O papel da sociedade civil deve fazer-se cada vez mais crítico no que concerne a governação de Angola. Eis o fio continuador e, na continuação, é de se sublinhar que O PASSADO IMBRICADO NO PRESENTE SÓ TEM VALOR SE GARANTIR CONDIÇÕES CADA VEZ MELHORES PARA O FUTURO". Reginaldo Silva Começo por louvar a iniciativa política do presidente do Partido de Salvação Nacional e que faz parte da Coligação União de Tendência Presidencial de Angola, quando desafia as organizações político-partidárias a unirem-se em redor de um único candidato presidencial e tendo como base um programa comum de governação.
A única forma de derrotar eleitoralmente o MPLA e o seu Presidente é a união de todos os democratas angolanos, em volta de uma frente política comum, que coloca em primeiro lugar os angolanos, melhorando as suas condições de vida, apoiando os empresários e os empreendedores nas diversas actividades da economia, criando emprego, melhorando a educação e incentivando os agentes culturais na preservação das línguas tradicionais e os valores da angolanidade, a qualificação técnica dos nossos quadros, investindo na saúde, habitação social, no aumento da produtividade da agricultura, pescas, na indústria de bens transacionáveis e serviços com base nas novas tecnologias e não esquecendo uma melhor redistribuição das riquezas. A união faz a força, pelo que, a intimidação e os truques do maioritário não serão suficientes para demover, a força da razão dos angolanos, em quererem mudar o regime político vigente em Angola. Todos os Angolanos tem que ganhar consciência, que nestas eleições temos de mudar a nossa atitude para derrubar pelo voto, o despotismo e as arbitrariedades do poder instituído na cidade alta, quando expropria e confisca, não pagando a devida indemnização constitucionalmente consagrada, quando manda partir as casas dos cidadãos e os empurram para tendas na periferia das cidades, para construírem luxuosos condomínios, deixando famílias sem sustento, destruindo as suas lavras e as crianças sem a escola que frequentavam, e com os pais a perderem os seus empregos. É desumano a forma indiferente como o Presidente do MPLA privilegia uma nomenclatura reinante e familiares em negociatas, em detrimento do bem-estar do povo angolano. Acordai angolanos e unam-se a volta de uma frente eleitoral ganhadora, abrangente com jovens, mulheres, estudantes universitários, trabalhadores e empresários, antigo combatentes, desempregados, a igreja, os excluídos socialmente, e apostem num líder que seja candidato presidencial próximo dos oprimidos e com um objectivo de desenvolver Angola de uma forma sustentável. A nossa hora chegou e esta não pode ser a oportunidade perdida. Carlos Lopes |