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LISBOA
Não quero, nem vou, avaliar ninguém mas sim o fenómeno das licenciaturas de fim de semana. Parece uma praga esta onda de licenciaturas, mestrados e doutoramentos de fim de semana. Não sou contra a atribuição de equivalências de cursos a vários níveis do nosso sistema de educação às experiências de vida profissional de cada um. Bolonha tem sido debatido ad nauesam e não me proponho adicionar aqui qualquer contributo meu a esse debate.
Mas, sinceramente, tenho um problema muito grande em aceitar que um ou uma profissional, que goze de uma boa posição na vida, com uma carreira profissional bem sucedida, que foi alcançada sem ter tido necessidade de uma licenciatura, ou de outro curso que lhe dê um título, de um momento para o outro, passe a querer esse título para por no seu CV. Acho que esta atitude grassa a uma vaidade pessoal e a uma presunção sem adjectivos. Mas, digamos a verdade, nós vivemos numa sociedade onde os títulos fazem parte dos nossos nomes. Um indivíduo, chamemos-lhe José Fulano de Tal, com um curso de engenharia, não se chama José Fulano de Tal. Chama-se sim, Senhor Engenheiro José Fulano de Tal. Uma mulher portuguesa, a quem vamos dar o nome de Maria de Tal e Coisa, que tenha tirado o curso de Gestão de Empresas, não se chama Maria de Tal e Coisa. Chama-se sim, Senhora Doutora Maria de Tal e Coisa. Quando um ou outro não estão nas suas repartições, somos informados na recepção que o Senhor Engenheiro não está, ou que a Senhora Doutora só vai atender depois das 16:00 horas. Na nossa sociedade não toleramos que a Maria de Tal e Coisa chegue ao serviço às 16:00 horas, mas a Senhora Doutora já pode e até parece ter esse direito. Não toleramos que o José Fulano de Tal não esteja na repartição, mas o Sr. Engenheiro, claro que é um homem muito ocupado, e até tem o direito de não estar onde deve, isto é, na repartição a atender os utentes dessa repartição. Numa sociedade como a nossa, onde não se chamam as pessoas pelos nomes mas pelos títulos, onde não se medem as pessoas pelas qualidades de trabalho, mas pelos títulos, não é de admirar que as leis do mercado, as leis da demanda e da oferta, entrem em funcionamento a favor de licenciaturas de fim de semana. Se nós, porque, digamos de passagem, a nossa sociedade somos nós, apenas respeitamos alguém e até toleramos as suas desmandas só quando essa pessoa tem um título, e não porque tenha competências para exercer o cargo, então esse alguém, esses muitos alguéns, vão querer títulos, muitos títulos. Venham eles. E quantos mais melhor. Concordemos, criámos nós mesmos o monstro e só vejo uma maneira de acabar com o monstro, é cortar a sua alimentação, essa devoção e falso respeito que nutrimos pelos títulos das pessoas. Regras e leis não vão resolver o problema nem acabar com o monstro. Regras e leis só servirão para serem contornadas, desde que se saiba como. De preferência com um título. Fernando Aidos
1 Comment
Gostaria que alguém me explicasse como é que vamos passar do "indignados" para o "acabou a mama".
Um exemplo, se não me falha a memória, os Islandeses cercaram o parlamento e exigiram a demissão de todos. Enquanto isso não aconteceu, o cerco ficou. Os governantes demitiram-se e o país partiu para outra. Mensagem dada aos futuros dirigentes - podem acabar por fazer asneira mas sai-vos muito caro! Gostei! Em Portugal temos de correr com esta corja. Mas qual é a acção firme e específica que os dirigentes dos nossos Indignados do 15 de Outubro propõem? Mais assembleias? Não participo! Mais diálogos demagógicos? Não participo! Mais refilanço público? Não participo! Mais uma greve e/ou distúrbio de rua? Não participo! Srs. Dirigentes dos Indignados: têm de tomar uma posição que tenha pés para andar! A bem de todos nós! Aliás, a bem dos nossos filhos que vão herdar uma salsada completa. Que vão herdar exemplos que não os vão ajudar a mudar o que nós estragámos! Ou aquilo que pelo menos ajudámos a estragar! Ou mesmo aquilo que vimos estragar e nada fizemos para o travar! Esqueçamos os Gregos e os seus molotofs de rua. A Primavera Árabe fez sentido no seu contexto do Norte de África. Vamos falar com os Islandeses. Acho que têm umas lições a dar-nos. Aí eu participo! Fernando Aidos Uma figura proeminente do PSD considerou num programa televisivo que Portugal ao adoptar o comportamento do bom aluno no cumprimento do programa da troika, seria uma condição indispensável para numa próxima avaliação do programa, pedir uma revisão do programa, no sentido, de suavizar os prazos e os sacrifícios exigidos. No entanto, considero o argumento falacioso, porque uma revisão do programa da troika é independente, do facto, de Portugal ser ou não um bom aluno. Na minha perspectiva os factores que podem conduzir a uma revisão do memorando são os seguintes:
1º A mudança política na França; 2º Quebra ou enfraquecimento do Eixo Franco-Alemão; 3º Perda de força política de Merkel na Alemanha; 4º Colapso total da Grécia; 5º Revisão e suavização dos prazos para à Espanha e Itália; 6º Urgência do crescimento na agenda europeia; 7º O declínio massivo de Portugal. Portugal tem pouco a dizer nesta questão, a não ser, seguir a tendência. Afonso Pinheiro No primeiro trimestre de 2012, Portugal registou uma quebra fiscal de 5,8%, em relação ao período homologo, uma quebra que se traduz numa perda fiscal de €472 milhões. Curiosamente, está quebra fiscal coincide com o abrupto aumento da carga fiscal, portanto, o expectável seria um aumento da arrecadação fiscal.
Esta aparente contradição, fez-me pensar em Laffer, mais concretamente, na sua famosa Curva, sim aquela, com a forma de um U invertido, desenhada num guardanapo, na mesa de um restaurante em Washington. Laffer apenas tentava explicar que aumentos de impostos para além de um determinado nível podem conduzir a uma diminuição do Rendimento Nacional e da Arrecadação Fiscal. Os agentes económicos podem sentir-se induzidos a trabalhar menos, a investir menos, além disso, pode existir um estimulo para o aumento da economia paralela, que obviamente, não é tributada. Arthur Laffer, foi o mentor, do que se designa, supply-side economics, basicamente, consiste em conceptualizar, que uma redução de impostos pode incentivar a actividade económica, o crescimento económico, portanto, aumentar a arrecadação fiscal. O que Laffer nos diz, um aumento do esforço fiscal não se traduz, necessariamente, numa maior receita fiscal, aliás, é uma redução da carga fiscal que pode induzir a um aumento da receita fiscal. O grande problema da Curva de Laffer, é precisamente, determinar o ponto, que uma economia ocupa na Curva, ou seja, determinar o nível óptimo da taxa de imposto que maximiza a arrecadação fiscal. No caso português, a manter-se esta tendência, o esforço fiscal exigido superou claramente o ponto óptimo que maximiza a receita fiscal, deste modo, vamos continuar a assistir a uma reiterada perda fiscal e ao deterioramento económico do país. Curiosamente, Portugal vai em contra-ciclo com Laffer, enquanto, o Reino Unido prepara-se para adopta-lo, e será, muito provavelmente, das poucas economias da UE a crescer em 2012, apesar, do crescimento ser anémico. Miguel Amaral Portugal tornou-se um país desinteressante, deixou de ser dono do seu destino. No meio de tantas greves, confusões, cargas policiais, subidas de impostos, cortes na despesa e a inevitável constatação que estamos falidos, houve um assunto que passou desapercebido na cena política portuguesa. Pelo menos, eu não dei por ele, para ser sincero, vivo um pouco alheado da realidade do país para evitar um contágio sistémico depressivo.
Há umas semanas atrás, discutia-se a aprovação da Regra de Ouro, uma proposta feita pelo Governo alemão, a dita Lei passaria a fazer parte da Constituição de cada país membro, o que per si, passava a obrigar os países membros a apresentarem Orçamentos de Estado equilibrados, parametrizados por um deficit orçamental de 3%, um deficit estrutural de 0,5%, mas a questão da dívida pública foi omissa porque os alemães têm uma divida pública superior à 60% do PIB (85%). Portanto, o objectivo da Regra de Ouro é disciplinar as finanças públicas de cada país membro com punições automáticas para os países infractores. Se os Orçamentos de Estado de cada país membro ficam sob o escrutínio de Bruxelas existe uma clara perda de soberania (fiscal). Pergunto: E a troco de quê? Mas a verdadeira questão, é saber, perante, uma crise de natureza fiscal como é possível superá-la sem crescimento económico? Um Governo de Esquerda faz recurso à políticas keynesianas, utiliza uma política orçamental expansionista, aumenta os gastos/investimentos públicos e o consumo público e confia no efeito multiplicador para expandir o rendimento na economia, mas estando o recurso a esta política condicionada pela própria Constituição, um Governo de Esquerda fica sem margem de manobra para governar, principalmente, num período de recessão. Sem Soberania Fiscal e sem Soberania Monetária, num cenário de crise, caminhamos para uma profunda depressão, como um factor de ajustamento da economia. A não ser que, o BCE adopte o papel de prestador de última instância e uma política monetária expansionista. Conjecturas a parte, uma coisa parece-me clara, se a Regra de Ouro for consagrada na Constituição Portuguesa, esse dia ficará na história do país como o dia em que a Esquerda acabou em Portugal. Miguel Amaral Todos nós sabemos que as coisas não andam bem. E isso preocupa-me tanto quanto preocupa qualquer português que tenha vivido neste planeta durante os tempos mais recentes. Assim como me preocupa a busca de soluções ou de uma solução, uma solução mágica até daria jeito, para todo este emaranhado de problemas que nos rodeiam e nos afectam severamente.
Claro que as coisas é que não andam bem! Nós somos apenas vítimas das coisas e do modo como elas não andam bem. Não é assim? Ou será que as coisas não andam bem porque lhes faltou alguma substância de que necessitam para andarem bem? Esta pergunta tem-me assaltado muito frequentemente embora não tenha cedido a respostas simples. Por isso continua a pairar como uma nuvem escura na minha mente. Tenho tentado debruçar-me sobre as possíveis causas das coisas não andarem bem. Tanto as causas mais tangíveis e mensuráveis, como o défice, a dívida, o desemprego, a pobreza, o abandono das indústrias produtivas, das pescas, da agricultura, e outras tantas mais, como sobre as possíveis causas intangíveis e estas têm-me preocupado também bastante. As causas intangíveis, são aquelas que embora não suscetíveis de serem medidas, pelo menos de um modo directo, espreitam sempre ao virar da esquina, ou entram frequentemente na conversa sempre que se fala das outras causas, aquelas que consideramos tangíveis e de que toda a gente fala. Permitam-me descrever algumas dessas causas intangíveis a que me refiro. A falta de confiança em nós, no próximo, nos governantes, essa maleita que foi herdada, sabemos muito bem de onde e quando, mas que temos de vencer. Não podemos continuar escravos desta falta de confiança em tudo. Não podemos tentar por na lei e no palavreado elaborado dos contratos aquilo que não pode lá estar porque faz parte da confiança, daquilo que os anglo-saxónicos chamam de “trust”, essa base, essa razão porque eu quererei construir algo com uma pessoa e não com outra. Qualquer contrato é como um casamento. Não podemos substutuir por contrato nenhum a confiança que precisamos de ter na pessoa com quem queremos construir um projecto de vida. Sem essa confiança, esse “trust” não adianta começar a escrever um contrato. Os contratos só funcionam quando há uma base sólida de confiança entre as pessoas envolvidas num projecto. Acho que temos de, urgentemente, reconstruir essa confiança em nós e no país. A imprecisão no que dizemos e no que ouvimos. E aqui permitam-me uma afirmação específica sobre a nossa soberania – perdemos a soberania quando o Sr. Silva nos arranjou o crédito fácil, os subsídios da UE. Não a estamos a perder agora com as imposições da Troika. Tal como perdemos os direitos plenos sobre a nossa casa quando pedimos um empréstimo ao banco, e não quando o banco nos pede para pagar o que devemos. Não será assim? Essa imprecisão no nosso palavreado precisa de ser corrigida. Esta imprecisão, por vezes conveniente, leva-nos muitas vezes a uma confusão no que se diz, a uma distorção cada vez mais nefasta dos factos e acaba muitas vezes em afirmações fora de contexto. Esta confusão não é tanto uma causa mas sim uma atmosfera, um ambiente que se estabelece, causada pela imprecisão das nossas afirmações. É destrutiva e precisamos de vencê-la. Todo o ser humano tem, numa ponta do seu ADN, algo que o leva à negação das causas e dos efeitos quase sempre quando não nos convém, ou seja, quando achamos que precisamos de nos proteger de acções inadequadas de que nos acusam. Todos nós conhecemos bem a frase – mas isso não tem nada a ver, pá! Uma afirmação que, diga-se de passagem, por vezes até pode ser bem aplicada, como no caso das vacas contentes do Sr. Silva. Esta negação das causas e dos efeitos leva-nos muitas vezes a desculpas esfarrapadas, aquelas que todos nós aprendemos no nosso tempo de escola quando nos esquecíamos de fazer os trabalhos de casa. Ou, outro exemplo, quando tinhamos prometido a alguém fazer alguma coisa, mas – sabes pá, é que quando eu ia a tratar disso, aconteceu que o vizinho teve uma emergência a que eu tive de acudir. E aqui poderemos enveredar por dois caminhos. Um, o da mentira. O que foi dito simplesmente não aconteceu. O outro, o que também não é produtivo, e que nos diz que nem sequer foi uma emergência. Foi sim uma falta de planeamento por parte do vizinho que se tornou numa emergência da nossa parte. É um fenómeno interessante entre nós, esse em que uma falta de planeamento por parte dos outros, de repente, passa a ser uma emergência da nossa parte. Muito estranho, mas tem de ser superado! Sim, porque a culpa pela falta de planeamento nunca é do vizinho, é nossa, ou mais precisamente, a culpa de qualquer coisa que fazemos nunca é nossa, é do outro, é da Câmara, é da Junta de Freguesia, é de Lisboa, é da Troika, é da Europa, mas nossa... nunca, jamais! Além do mais, esta negação de causas e efeitos leva-nos a uma prejudicial incoerência na nossa maneira de pensar e de agir, porque se alguma vez falamos de causas e efeitos de qualquer coisa que não achamos estar bem, logo essas causas e efeitos deixam de se aplicar, caso nos envolva a nós. Isto resulta num mal estar de instabilidade, dequele sentimento que nos diz – afinal, tem ou não a ver? E não é produtivo! A falta de vinculação às ideias, como por exemplo, achamos por bem que se ponham caixas para o lixo e para a reciclagem em todo o lado. E acho bem. No entanto o nosso hábito de deitar os papéis e as beatas para o chão não nos permitem usar essas caixas pelas quais já pagámos e por cujo serviço de manutenção também continuamos a pagar. Não me parece que seja por falta de caixas de lixo. Estou convicto que é apenas a nossa falta de disciplina que nos leva a este estado de coisas. E mesmo quando cada um de nós tem já o hábito de guardar o lixo até à proxima caixa, temos inibição em chamar um conterrâno à atenção quando este ou esta deita o seu lixo para o chão, porque aceitamos que parvo não é quem deita para o chão, parvo é quem repara e quer corrigir, quer melhorar. Ou não é? E aqui eu pergunto-me, o que é que fez com que a parvoice passasse do meu conterrâneo para mim, quando foi ele que perpetrou a infracção? A inactividade do cidadão esperando que os outros façam. Esta inactividade, esta passividade, não pode senão tornar-se repetitiva ou cíclica. Passa do cidadão para os governantes uma vez que estes são escolhidos por nós e são pessoas como nós, sáidas do nosso meio. Não será? Portanto não é de estranhar, afinal que eles não tenham a mesma atitude do então façam. Então a Europa que faça... mas a Europa não vai fazer aquilo que nos compete fazer. A Europa não nos vai tirar do meio destas coisas que não estão bem. Nós é que teremos de o fazer. Não há como escapar desta realidade. Mas por muito que o leitor ou a leitora concorde com o que eu acabei de escrever, tenho a certeza que vai encontrar algo para rebater, para debater, para aplicar aquela dose de constante contradição, aquilo que é afinal o advogado permanente do diabo, esse desporto nacional tão frequentemente praticado. Não somos capazes de aceitar o que é dito e adicionar mais alguma coisa por cima, reforçando o que nos foi dito. Não! Vamos logo rebater de modo a que nada fique como base para construir um ponto de vista. Realmente, partindo da premissa que os nossos governantes sairam do nosso seio, não é de estranhar que as sessões da Assembleia da República sejam tão contenciosas, tão destrutivas, tão desesperantes. E que todos nós fiquemos com a sensassão de que nada vai ser resolvido, nada vai avançar, porque ao que nos parece, não ficou pedra sobre pedra. Foi tudo demolido na discussão, escepto o que a Troika nos impõe. Ou afinal, talvez tenha sido o nosso bom senso que se perdeu. Não sei onde o perdemos, se é que o perdemos. Porque nós não fizemos isso. Mas sei que se perdeu. Perdeu-se, na terceira pessoa do singular. Coitado! Nesta altura do campeonato, em que as coisas não andam nada bem, sinto que sem uma introspecção, sem um acerto pessoal dos nossos valores, da nossa maneira de actuar, as bases necessárias para melhorar a nossa condição e a do país não estarão lá onde precisam de estar para as que as coisas melhorem. E será muito difícil conseguir encontrar soluções para o que nos aflige tanto. Mas já estou a ouvir o meu amigo – oh pá, mas isso que acabaste de dizer é muito interessante mas não tem nada a ver... Mas eu fico na minha – acho que tem a ver, sim... Fernando Aidos Em Portugal o sector privado nasceu, cresceu e pereceu à sombra do Estado, Ámen. Sempre foi assim, e sempre será. O Estado, é o provedor e avalista das grandes fortunas privadas em Portugal, se fossemos intelectualmente honestos, seriamos obrigados a reconhecer, grandes fortunas públicas, mas como não somos, nem pretendemos sê-lo, sem nenhum pudor, podemos reconhecer na pessoa, Estado, o cúmplice e o compadre perfeito.
Para ser coerente com o seu estatuto, especializou-se em ser lesado e espoliado por contratos ruinosos, meticulosamente redigidos nos melhores escritórios de advogados. O Estado omite-se quando os contratos não são integralmente cumpridos pelo privado, se puder sonegar, sonega, mesmo, quando as derrapagens são colossais, quer nos prazos e nos custos. Os brutos não precisam entender, por isso, neste país não é necessário dar explicações e muito menos responsabilizar alguém. Somente, é necessária uma coisa, pagar, senão for com o teu dinheiro é com o dos outros, por alguma razão, nós somos o Estado e podemos endividar-nos em teu nome. Teu, meu e nosso. A falta de pudor é tanta, mesmo falidos e resgatados, continuamos pela mesma senda e com a maior das naturalidades o Estado efectua um pagamento em duplicado no valor de €4,4 milhões à favor de uma empresa privada. O pagamento era suposto ressarcir a empresa concessionaria das portagens que não foram cobradas durante o mês de Agosto na Ponte 25 de Abril, acontece porém, que quem por lá passou, no dito mês de Agosto teve que pagá-las, portanto, os €4,4 milhões, por uma questão de principio, deveriam ter sido retidos e não pagos. Será que este Estado é merecedor de clemência? Ricardo Amorim Só quem vive fora da realidade pode propor a regionalização em Portugal, principalmente, depois do exemplo da Madeira e a situação catastrófica que se vive em Espanha, em parte, devido ao excessivo endividamento das Comunidades Autónomas. Não chega ao contribuinte ter que alimentar uma Assembleia da República e os seus derivados públicos, mais 2 Governos Regionais, ainda quererem impingir mais 3 ou 5 Governos Regionais, com as suas Assembleias, os seus deputados, os seus assessores, os motoristas e obviamente, a frota automóvel. Eu pergunto, e quem paga? Donde vem o dinheiro?
Os Fundos Comunitários acabaram e os investidores estrangeiros já sabem como se governa em Portugal, duvido que emprestem dinheiro para semelhantes euforias e extravagâncias, que apenas criam trabalho aos funcionários dos partidos e criam muita despesa estéril. Não acredito que a arrecadação fiscal permita tamanha loucura, com tantas empresas a deslocar-se para paraísos fiscais, com tantas falências e com tantos desempregados, quem vai pagar os impostos necessários para sustentar esta megalomania? Vamos ficar todos a pão e água para uns illuminati ficarem com a exclusividade do direito celestial, felizmente, temos a Troika para controlar os mais desvairados e dizer basta, no silêncio, de uma sala qualquer do Ministério das Finanças, tenham juizinho, não há dinheiro. Felizmente, temos estes homens das trevas que nos mantêm no limbo porque se dependêssemos unicamente da nossa vontade já estaríamos a viver num inferno regionalizado. Miguel Amaral A Troika esteve em Portugal durante o período do Carnaval para avaliar o progresso do programa de ajustamento à economia portuguesa. Ao contrário, do que o Governo pretendia, apenas, o Executivo parece que foi trabalhar nesse dia, apesar, de ter decretado o fim da tolerância de ponto. Não gosto deste Governo, mas neste ponto considero que tinha toda à razão. É possível, uma tarde sem trabalhar, possa não ter um efeito significativo no PIB, mas “à Mulher de César não basta ser séria, tem que parecê-lo”, sinceramente, conhecendo e convivendo com a mentalidade nórdica, será difícil para eles entenderem um país mergulhado numa crise tremenda e a população toda mergulhada a celebrar o bem-dito Carnaval. Não me surpreendem as afirmações dos responsáveis Troikanos: Portugal não necessita de renegociar os prazos, a recessão ainda não é suficientemente profunda.
Transmitimos uma péssima imagem do país, quem já trabalhou com alemães, entende o que estou a escrever, dá a sensação que gostamos mais da pândega do que trabalhar. É essa a imagem que fica e bem pode o Ministro Gaspar ir contar os enormes progressos de Portugal ao Ministro das Finanças alemão, se nem os mais ínfimos detalhes somos capazes de controlar. Mas a gota de água, no meu ponto de vista, foi a incapacidade de 9 empresas públicas, segundo creio, apresentarem os seus Relatórios de Contas dentro do tempo estipulado, dá uma imagem péssima do Governo, de quem não tem controlo sobre o seu aparelho de Estado. O mais revoltante, é pensar, são precisamente algumas das empresas com mais prejuízos operacionais e com maior dívida, empresas que absorvem todo o pouco crédito da economia, com administradores e funcionários pagos a peso de ouro com o dinheiro do erário público, e ainda têm o desplante, de não apresentar contas. O pior, nem é o desplante ou a incompetência, mas impunidade, não se cumprem as regras e não existem consequências. Quando o cidadão comum tem uma falha na sua relação com o Estado é automaticamente penalizado. O Governo começa a perder a Moral, tem dois pesos e duas medidas, é forte com os fracos, e fraco com os fortes. E nós a pagar. Haja Paciência. Afonso Pinheiro A grande virtude do Euro é expor a nu todos os nossos pecados.
Miguel Amaral |