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MUNDO
Como sabemos, a África tem países muito novos. Povos que já estão aqui há milhares de anos, mas unidos como nações recentemente. Moçambique, por exemplo, recém completou 35 anos. Então, vivemos aqui um estágio evolutivo de democracia, gestão e administração muito diferente do que temos em outros lugares. Não podemos comparar o que se passa aqui com o momento de outras ex-colônias, como o Brasil, por exemplo, que já tem quase dois séculos de independência.
No Brasil, já tivemos ditaduras e passamos por elas. Já tivemos ditadores idolatrados e aprendemos a ter uma visão crítica sobre eles. Já nos despegamos de nosso colonizador e criamos nossa própria cultura e identidade. Moçambique, Angola, Guiné-Bissau e tantas outras colônias daqui vão trilhar o mesmo caminho e ainda chegar à sua real independência. Mas, no momento, eles ainda não têm uma visão tão abrangente do que acontece e acabam por escolher outros ícones dos quais criam nova dependência. Os líderes que estão nos governos hoje, muitas vezes, foram os líderes que lutaram pela independência dos países, lá nos anos 60 e 70 do século passado. Então, a visão que passam é de que o povo continuaria colonizado e subjugado se não fosse sua dedicação e sua luta. Até aí, pode-se concordar. Mas, permitir que a ação voluntária dessas pessoas no passado hoje abra portas para corrupção, desmandos, abuso de poder, é ultrapassar um pouco a linha do bom senso. Mas é isso que acontece. Em Angola, foi chamada uma manifestação contra o atual governante, José Eduardo dos Santos. Nunca fui a Angola, só ouço relatos de amigos que passaram por lá e acompanho as coisas pela internet. Não me parece ser muito diferente de outros países da África. Talvez, devido à quantidade de petróleo que tem por lá, a corrupção seja proporcionalmente maior. Mas o fato é que tem corrupção em larga escala, inegavelmente, outro fato é que o mesmo presidente está no poder há 32 anos. Por melhor que seja, há de ter outras pessoas no país capazes de administrá-lo também. Em meio a tantas manifestações que tem acontecido em África, houve uma convocada pela internet para o dia 7 de março, para Angola. Os defensores do presidente (que pelo tempo que preside mais parece dono do país) logo se levantaram para fazer a antimanifestação, em favor da “paz e estabilidade”. A manifestação pró-governo foi um sucesso. O povo sofre, passa fome, paga propina para ter serviço público (quando consegue ter), mas o governo ainda consegue reunir as pessoas na rua para defender sua estabilidade. E a visão de que isso é o certo é geral. Aqui em Moçambique ouvi vários comentários em favor do camarada que ocupa a cadeira presidencial há mais de três décadas em Angola. Leia mais sobre o assunto nos textos Angola também?, do ElefanteNews, e Jornalistas presos em Angola ao cobrir manifestação antigoverno, do Diário da África. Sandra Flosi
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