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MUNDO
_A Suazilândia é a única monarquia absolutista da África. O país é bem pequeno – quem entra nele, de carro, pela fronteira com Moçambique, chega do outro lado, na África do Sul, em apenas três horas.
Um milhão de habitantes dividem o espaço com uma bela paisagem, leões, rinocerontes, macacos, búfalos, enormes plantações de cana de açúcar. E com a família real. Dividem o espaço, mas não a riqueza. De cada três suazis, dois vivem com menos de um dólar por dia. Dificuldade, é evidente, que não atinge o rei ou seus familiares. Assim, ser da família real (na Suazilândia e em qualquer outra parte que ainda tenha família real, diga-se), acaba sendo um bom negócio. Ponto, parágrafo. Na última semana, milhares de jovens reuniram-se para uma cerimônia que se repete há 25 anos. As meninas do reino suazi dançam e homenageiam a Rainha-Mãe. Trazem para ela caniços (longos bambus) que servirão para adorno e segurança do palácio em que ela vive. A festa também celebra a unidade nacional e a pureza das jovens – é o que diz o texto que recebemos do Ministério do Turismo. As garotas – 80 mil, segundo a casa real – vêm de todo reino. Recolhem os caniços em um ponto pré-determinado, carregam os feixes a pé pela estrada, trazem os presentes até o palácio da Rainha e dançam em um estádio montado só parta a ocasião. Tudo isso leva oito dias (como a Sandra explicou em detalhes aqui, no Mosanblog). O rei participa dos dois últimos, ao assistir às danças e anunciar se, desta vez, escolherá uma das meninas para ser sua próxima esposa. Ele já fez isso 13 vezes. Ponto, parágrafo. Será que é muito diferente que preparar seu menino de nove anos para um empresário levá-lo pra jogar na Europa? Ou a sua garotinha para a agência de modelos, que fará dela uma estrela dos próximos comerciais, do concurso de miss, do programa de humor ou do estábulo do próximo reality? Sei não. Ponto final. Eduardo Castro
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_Estamos vendo nas últimas semanas uma explosão de protestos pela Europa, bem como governos enfrentando dificuldades para vender seus títulos soberanos e algumas nações quase em risco de calote. Este tema parece complexo e temos a tendência de culpar os bancos ou o sistema financeiro por todas as crises do sistema capitalista. Entretanto, o tema é mais simples do que aparenta e, pelo menos nesta crise, os bancos são apenas uma parte dos culpados.
A crise fica mais fácil de ser compreendida com um exemplo básico de uma pessoa, que chamaremos de José e será colocado entre parênteses o paralelo com a crise atual. José trabalha e tem uma renda mensal de R$ 5.000,00. Porém, ele e sua família gastam R$ 5.500,00 por mês, além de uma ajuda mensal aos parentes no valor de R$ 2.500,00 por mês, totalizando um gasto mensal de R$ 8.000,00 (descontrole fiscal). Como José tem um bom crédito na praça, consegue facilmente empréstimos bancários no valor de R$ 3.000,00 mensais para cobrir o rombo nas suas despesas. Esta é uma boa alternativa para manter seu padrão de vida e manter seus parentes satisfeitos com a renda transferida mensalmente a eles (aumento da dívida). Entretanto, alguns anos atrás, diversas outras pessoas resolveram não pagar suas dívidas e, embora José não tivesse nada a ver diretamente com o fato, os bancos passaram a ser mais cautelosos na hora de fornecer créditos para todo o sistema financeiro (crise de 2008). Agora, imaginem que José, depois de tanto pegar dinheiro emprestado no banco, tenha uma dívida superior ao que ele consegue produzir em um ano de trabalho (PIB), algo em torno de R$ 70.000,00 para quem fatura apenas R$ 5.000,00. Será que os bancos passarão a olhar para José como possível cliente com risco de calote? Provavelmente sim e, quando o banco percebe isto, a taxa de juros aumenta, pois como há um risco maior de não pagamento, o juro é mais alto para compensar eventual calote, e também o prazo para pagamento é mais curto, visto que não há garantia de pagamento no longo prazo (aumento da taxa de juros da rolagem dos títulos soberanos, que são os títulos que os Estados vendem aos bancos para captar dinheiro). Neste caso, José tem duas alternativas, cortar gastos e/ou aumentar suas receitas. No caso do corte de gastos deve ser feito em duas frentes. A primeira é reduzindo seu padrão de vida, gastando menos, por exemplo, com sua educação, saúde e segurança (corte de gastos públicos). Já a segunda é reduzindo o valor pago aos parentes (redução de salários de funcionalismo público, redução de aposentadorias e aumento da idade para se aposentar). Agora, analisando friamente, será que José, sua família e seus parentes que são sustentados por ele ficarão contentes com estas medidas ou protestarão contra este corte de gastos, dando a alternativa de simplesmente dar calote nos bancos como medida mais apropriada? É exatamente este o motivo pelos protestos em toda a Europa, ou seja, protestos econômicos e não políticos. Já em relação a receitas, deve trabalhar mais e arrecadar mais dinheiro para cobrir seus gastos. No caso dos Estados, isso ocorre em duas frentes, aumento de tributos cobrados da população e incentivo à atividade econômica. Mas, como o mercado interno está parado, a saída seria a exportação, sendo que aqui, a questão é outra: exportar para quem? A China, o motor da economia mundial é exportadora e não importadora, a Europa e EUA em crise, então, podemos ver um mercado excelente para as exportações: Brasil e demais emergentes. Em tempo, não acho os bancos santos ou livre de qualquer parcela de culpa na crise. Entretanto, a maior culpa dos bancos foi de não ter cortado o crédito para os países perdulários antes, esperando até o último minuto para isto. Texto com colaboração de Miguel Amaral. Jorge Eduardo Scarpin Na sequência de um mandado internacional emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), sedeado em Haia, o antigo presidente da Cote d’Ivoire (Costa do Marfim), Laurent Gbagbo, foi detido e transferido para o centro de detenção daquele Tribunal, em Haia, onde vai enfrentar uma acusação cumulativa de quatro crimes contra a Humanidade.
Gbagbo, de acordo com o que anunciou hoje o TPI, através de um comunicado, vai assumir “a sua responsabilidade penal individual e como co-autor face de quatro crimes contra a Humanidade por homicídios, violações sexuais, perseguição e outros actos desumanos”. É bom que o TPI faça valer a sua autoridade na questão dos crimes contra a Humanidade e, principalmente, face a indivíduos que não aceitam nem acatam o seu destino na boca das urnas. Mas, será que, no caso marfinense, foi só Gbagbo o único culpado? Se bem nos recordamos, houve muitos dirigentes africanos que o apoiaram e quase incentivaram Gbagbo a se manter firme no poleiro. E também se sabe que da parte das forças republicanas lideradas por Ouattara igualmente praticaram actos reprováveis contra a Humanidade. Será que vão ser julgados? Ou, provavelmente, porque Ouattara está a ser apoiado pela França, agora, e pelos EUA vai manter-se impunido e sem qualquer vislumbre de questão por parte do TPI, o qual, como se sabe, não é reconhecido pelos norte-americanos (pelo menos contra os seus cidadãos…). Evoquemos as palavras da senhora Clinton quando Gbagbo foi, finalmente, destronado do Poder a que se tinha agarrado, recorde-se, com o apoio de outros dirigentes africanos – tal como aconteceu com Kadhafi, na Líbia – que tinha sido um aviso solene para todos os que se desejavam perpetuar no Poder. Talvez que esta detenção seja mais um aviso solene… Eugénio Costa Almeida _Durante muito tempo, o Cabo das Tormentas era considerado o fim do mundo.
Hoje, nem o fim da África é mais – os mapas agora mostram o Cabo Agulhas como o ponto mais ao sul do continente. Mas a história ficou. Os naufrágios também. Aqui, na pontinha da África do Sul, as ondas batem firme, a água é esverdeada e o vento é muito frio e forte. Esse vento que virava barcos e matava tripulações inteiras ganhou vida na literatura: é o Gigante Adamastor, dos Lusíadas de Luis de Camões, que atacava quem tentava invadir seus domínios, no Oceano Índico, aqui pelo Cabo – hoje conhecido pelo nome de “Boa Esperança”. O nome ficou mais ameno. Mas os ventos continuam assustadores. Fomos ao fim do mundo durante nossa visita à Cidade do Cabo. E também estivemos em outro lugar que representa bem o fim do mundo, o fim da picada, mas – paradoxalmente – é o berço de uma história fantástica e um trajeto inigualável: o longo caminho para a liberdade, vivido por Nelson Mandela (a expressão, inclusive, é o título da autobiografia dele). Condenado à prisão perpétua por lutar contra o apartheid, Mandela passou 18 anos aqui – numa cela de dois metros por três, num pátio do tamanho de uma quadra de tênis e numa mina de calcário, local dos trabalhos forçados. Ele, e seus colegas de prisão, fizeram da injustiça combustível para mudar seus destinos e o do país, e transformaram este cenário numa verdadeira universidade. Hoje, aos 93 anos, Mandela passou de “perigoso terrorista” a ídolo de todos. Ao chegar ao poder, deixou de lado qualquer desejo de vingança e governou para verdadeiramente integrar e reconciliar o país. A África do Sul de hoje está longe de ser o paraíso na Terra. Mas também está longe do que foi por muito tempo – um estado racista e desumano. Um verdadeiro fim de mundo. Eduardo Castro Tudo indica que a dívida soberana grega vai ser reestruturada, possivelmente, em 50% ou 60%, apesar, de muitos analistas apontarem para a necessidade da dívida grega sofrer um corte na ordem dos 80% ou mais. Uma reestruturação desta magnitude corresponde a um default. Nestas circunstâncias, dificilmente a Grécia permanece na Zona Euro, será obrigada a sair da moeda única porque o default grego implica uma enorme perda de credibilidade para o Euro e de estatuto das respectivas dívidas soberanas. A própria sociedade grega, após, este vexame, pressionará a sua elite política para sair do Euro e regressar ao Dracma.
Este cenário, a concretizar-se, será trágico para a Grécia, aliás, existem dois Outlook's, um do Citi e outro do UBS, que explicam muito bem as consequências negativas que implicam uma saída do Euro. O analista do Citi refere que um regresso ao Dracma terá como consequências; uma massiva fuga de capitais, uma forte desvalorização da moeda grega e hiperinflação. Enquanto, os analistas do UBS, estimam uma quebra do PIB per capita de 10.000 euros no primeiro ano após a saída, 4.000 euros e 3.000 euros nos anos seguintes. Portanto, um cenário de empobrecimento generalizado, é a ruína total da Grécia. Perante, tamanho desastre económico, será o caos social, o país deixará de funcionar, as ruas serão tomadas pela população, o ar pesado e enfurecido que hoje se respira na Grécia passará a ser de rebelião. Neste cenário, a verificar-se, apenas existe uma solução, os militares descerem as ruas e tomarem conta do país. Teremos, uma situação bizarra, um membro da União Europeia governado por uma Junta Militar, algo que, não é compatível com nenhuma concepção democrática. O cenário, pode parecer irrealista, mas convém não esquecer, a Grécia, já foi uma Ditadura Militar num passado muito recente. Por isso, deixar cair a Grécia, pode ter consequências imprevisíveis, não apenas para o país helénico como para toda a União Europeia. Seria um facto absolutamente incompreensível porque poria em causa todo o projecto europeu. Além de ser um rastilho, para o renascimento dos Nacionalismos mais radicais, um verdadeiro retrocesso civilizacional. Trágico para todos os europeus e europeístas. Miguel Amaral "O gênio criador é que faz com que sejais respeitados. Não é uma questão de cor – é uma questão de saber se fizésseis ou não o que a humanidade necessita." (George Washington Carver, conhecido como o “Cientista Negro”)
“O Cientista Negro”, é um livro envolvente, empolgante e inesquecível. A cada página lida, aumenta-se a inquietação e a curiosidade para o desfecho. Devora se cada parágrafo, ansiosamente esperando chegar ao final, na velocidade do vento, das emoções, sensações e dos desejos. Cada capítulo vai, aos poucos sendo armazenado em nossa memória e sem querer, começamos a falar sobre ele, a descrever sua trajetória, suas aventuras... Quando contamos a história a alguém que nunca leu ou ouviu falar do exemplar, é explícito o interesse de quem ouve o relato, despertando a vontade de obter mais informações acerca do protagonista George Washington Carver. Parece estranho mas só ouvi falar deste livro quando um dia há muito tempo nas dependências do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, nos fomos apresentados por um colega advogado, e a oportunidade de conhecer a fundo seu inteiro teor, foi no fim dos meus estudos jurídicos em faculdade, quando o colega Jourdan Rezende me convidou para fazer uma resenha critica para ele sobre o livro citado nestas linhas. Ganhei de presente o exemplar, e como se diz por aí o que é da gente vem na mão e na hora certa, nada mais maravilhoso e intrigante... Carver nasceu escravo, cresceu menino, amadureceu criança, envelheceu jovem, trabalhou para viver, em busca do hoje e do amanhã. Seu toque trazia vida, do chão árido nascia a esperança e seu sorriso era irradiado pela luz do sol. Falava pouco, era pensativo, atento e estudioso. Buscava obter bem mais do que lhe era ofertado. Não se cansava, era persistente e estava sempre à procura de novas descobertas, era um desbravador, era um inovador. Confiava em sua intuição e todas as suas dúvidas eram solucionadas com Deus diretamente, em quem encontrava as respostas para suas indagações. Era perseverante, e nunca desistia de seus objetivos lutava exaustivamente, até alcançar um resultado positivo. O fracasso não o entristecia, pelo contrário deixava-o feliz, pois conseguia esclarecer vários questionamentos, com base em fatos e acontecimentos que pareciam perdidos. Era dócil, obediente e servil. Gostava de ser útil, de ajudar a humanidade de todas as formas possíveis. Passou por várias privações, sentiu muita fome, e às vezes se perguntava onde conseguia retirar forças para sobreviver e continuar sua luta. Seu abrigo era pago com os jardins e o apoio, com a lavagem de roupas e com serviços prestados à cozinha. Não era vaidoso e dava pouco valor ao dinheiro. Era negro, sim. Mas um negro cientista, algo estranho para o século XIX, principalmente em um país à época provinciano como os Estados Unidos, onde o preconceito vicejava abundante anunciando a superioridade dos brancos. E naquela época leis severas promoviam a segregação de negros e brancos; estes não podiam se sentar à mesa com brancos, os negros não podiam estudar, não podiam ter atividade cultural, segregação esta que caiu por terra na luta pelos direitos civis apregoada naquele país por Luther King e Malcolm X no século passado. Haviam hotéis proibindo a entrada de negros, como se fossem contaminar o ambiente apenas por terem o material cutâneo mais escuro. Era lamentável a discriminação. Aos negros estavam relegados apenas os trabalhos braçais, principalmente no cultivo do algodão. Interessante é que muitas vezes pareciam que eles os negros acreditavam serem mesmo inferiores, pois se comportavam de maneira um tanto conformada com a situação. No entanto, Deus possui mecanismos perfeitos de mostrar às incoerências da humanidade, e convoca ao renascimento, sempre que necessário, almas mais adiantadas e iluminadas, moral e intelectualmente para desmistificar questões entranhadas na vida das pessoas, como por exemplo, o lamentável preconceito de que alguém é maior, melhor ou superior apenas por ter pele mais clara. E foi em terras americanas que se reencarnou George Washington Carver, o filho de escravos que se notabilizou como um dos maiores cientistas do mundo no século XX. De sua mente brilhante brotavam as descobertas mais extraordinárias. Com o pequeno amendoim fez mágicas fabulosas e extraiu, inclusive leite da pequena semente, que, diga-se de passagem, produzia também manteiga. Significativo detalhe: suas descobertas eram também importantes do ponto de vista econômico, para se ter uma idéia 100 litros de leite de vaca produziam 10 quilos de queijo, enquanto 100 quilos de leite de amendoim produziam 35 quilos de queijo por exemplo. Importante destacar o desprendimento dessa criatura que veio ao mundo em meio à miséria e cercado de condições adversas, por dezenas de vezes recebeu propostas milionárias para patentear as descobertas que fazia na pequena oficina de Deus - era assim que chamava seu laboratório - no entanto, não aceitou, em sua concepção as descobertas deveriam estar ao alcance de todos a fim de beneficiar a coletividade. Diferente de muitos outros cientistas era dotado de enorme senso de justiça fazia questão de receber pelo seu trabalho apenas aquilo que considerava justo, nem mais nem menos. Amante das artes e da natureza confabulava intimamente com o Criador sobre os mistérios que cercam os reinos mineral, vegetal e animal. Apreciava a simplicidade, vestia-se de forma sóbria e lutava incessantemente contra os desperdícios. Aliás, afirmava o eminente cientista que podemos aproveitar tudo de tudo, não há sobras nem desperdícios na natureza, tudo foi feito na medida exata, nos cabe portanto, dar asas a nossa capacidade inventiva e criar. Podemos citar como um dos muitos exemplos da capacidade criativa do Dr. Carver a utilização do caroço do algodão, incômoda sobra que era sumariamente incinerada ou atirada nos rios, constituindo-se em verdadeiro prejuízo ao meio ambiente, já cantando a pedra sobre o melhor aproveitamento dos recursos naturais. O grande pesquisador conseguiu, pois dar múltiplas finalidades ao caroço do algodão, transformando-o em fonte de riquezas findou-se então o problema ambiental de tal forma que algumas indústrias deixaram o interesse pela rama do algodão para focar atenção no caroço da planta. Apresenta –se então um raciocínio interessante: considerando que Deus não faz nada sem utilidade é forçoso admitir que os lixos inexistem, muitas coisas - não apenas alimentos - descartados por nós podem ainda ser utilizados. Necessário nessa questão abrir um parêntese e discorrer rapidamente sobre a sacola plástica e sua finalidade. Saiba o caro leitor que os sacos plásticos, tão duramente combatidos pela mídia, podem ter fim muito mais importante do que o descarte no meio ambiente, ou seja, dos plásticos podemos formar uma gama enorme de subprodutos a beneficiar a sociedade sem agredir o meio ambiente, basta, para isso, utilizarmos a criatividade, como fez o inesquecível cientista. Há, inclusive, universidades no mundo todo desenvolvendo pesquisas envolvendo os plásticos e os subprodutos que podem dele originar. Entretanto, existe um caminho longo a ser percorrido, as pessoas em primeiro lugar precisam adquirir mentalidade ambiental para que o plástico deixe de ser descartado como lixo tornando-se diferencial econômico, como foi o algodão, ou melhor, seu caroço para os Estados Unidos. Enfim, é impossível falar em um simples esboço todas as descobertas e todos os benefícios trazidos pela mente do mago da agricultura George Washington Carver que desencarnou indo ao encontro de seu “Grande Pai” em janeiro de 1943. A realidade é que os grandes exemplos de vida não podem ficar ocultos do grande público, o singelo objetivo de suscitar a curiosidade em conhecer a vida do notável cientista negro que acreditava em Deus, e rompia barreiras construídas pelo preconceito humano. Recebeu nome de gente, George Washington Carver, o que era um privilégio, pois os escravos naquela época eram vistos e tratados como animais, que se compram e vendem no mercado. Ele era um homem de merecimento extremo. Em uma transação, bandidos resolveram trocá-lo por um cavalo, no lugar de sua mãe. Sofreu muito, mas não se abalou, pois as mudanças nunca lhe afligiram. Nos estudos, chegou onde negro nenhum naquele instante poderia chegar naquela época. Tinha uma grande virtude: a humildade. Vestia-se com extrema simplicidade, suas roupas eram limpas, mas, remendadas, cerzidas, e seus sapatos costurados. Um dia, comprou vestimenta distinta: roupa de gala e sapato de verniz. Seu armário era o único a possuir tais roupas. Era muito habilidoso. Cantava, tocava piano e fazia recitais com o objetivo de arrecadar dinheiro para executar suas obras e experiências. Como cientista, ensinou que se observássemos e valorizássemos a natureza, aprenderíamos a entendê-la, apreciá-la, respeitá-la e a tirar, dela, com sabedoria, tudo que precisássemos, para usufruí-la, sem lhe causar danos, que tais linhas nos façam repensar sobre o que podemos aproveitar de melhor na natureza sem destruí- la. Fernanda Santos O Procurador-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI) viu autorizado por este a abertura de instauração de um inquérito sobre os supostos crimes ocorridos na Cote d’Ivoire (Costa do Marfim) contra a-humanidade e cometidos após as eleições de Novembro de 2010, período em que faleceram mais de 3000 pessoas.
De acordo com o TPI, e segundo notícias que lhe chegaram, tanto os partidários do deposto presidente Laurent Gbagbo como os do novo presidente Alassane Ouattara terão cometido diversos crimes que violaram os mais elementares direitos humanos, entre os quais, violação sexual, tortura, massacres vários, etc., e, como tal, devem ser averiguados e punidos os seus responsáveis. O inquérito, apesar de estar, de início, direccionado para os acontecimentos ocorridos pós-eleições – entre Novembro de 2010 e maio de 2011 –, foi alargado pelo TPI também aos acontecimentos passados entre 2002 e 2005. Apesar da Cote d’Ivoire não fazer parte do Estatuto de Roma que instituiu os regulamentos do TPI, aceitou, em 2003, a legislação deste Tribunal. A primeira manifestação de regozijo costamarfinense por esta autorização veio do Ministro de Justiça de Ouattara, Jeannot A. Kouadio, que saúda a medida e que afirma não estarem nem ele nem os costamarfinenses “incomodados, ou ter qualquer receio”. Depois do Ruanda e do Burundi, a Cote d’Ivoire. É importante que o TPI tome estas iniciativas para minorar, tanto quanto possível, as constantes violações de Direitos Humanos que se praticam em nome de interesses pouco creditícios ou nada políticos. O problema é se o TPI decide alargar a todos os casos. Mesmo a todos os casos. Como, por exemplo, a Líbia. Ora há países que só reconhecem o TPI para punir os outros e nunca para eles próprios, além de terem acordos bilaterais que os livram a si e aos seus cidadãos de serem chateados pelo TPI. Algo um pouco parecido com o Conselho de Segurança onde todos são iguais mas cinco são mais iguais que outros! Eugénio Costa Almeida Ifraim até que fez bem sua parte: logo cedo, na segunda-feira fria, recebeu os turistas com um sorriso, para o tour no Soccer City (aliás, agora é FBN Stadium – ganhou nome de banco). Ele é segurança desde o começo da obra – sabe tudo sobre a construção, jogos, história. Cobrou 250 rands (60 reais) pelo passeio de dois adultos e um estudante. Já mesmo na entrada, deu um recibo escrito à mão, mas não tinha 10 rands de troco.
Mas valeu, pela simpatia dele. Contou detalhes da construção, do sacrifício de um bezerro no meio do campo para acalmar os espíritos, dos sistemas de rega da grama e de câmeras de segurança, do teto italiano que não protege ninguém da chuva. Ifraim valeu o ingresso. Fomos aos vestiários, às luxuosas tribunas, sala de conferências, subimos ao campo pelo túnel principal. Enfim, o que se espera de uma visita a um estádio de futebol com uma história curta, ainda que estrelada. Uma bela obra de arquitetura, sem dúvida. Mas, para ver, mesmo, pouco. Um quadro no saguão, com os “Big Five” (Pelé, Maradona, Beckembauer, Zidane e (!) Geoff Hurst) é a maior referência histórico/artística do lugar. Mais ou menos no nível da final da Copa daqui, que não foi exatamente uma obra prima. Junto a uma grande maquete e algumas fotos que fazem referências à abertura e à final da Copa, imagens dos dois eventos que mais encheram o lugar no ano passado: shows do U2 e de Neil Diamond. “Tem jogo aqui ainda?”, pergunto. “Sim”, diz o Ifraim. “Em algumas semanas tem até quarta e sábado – futebol e rugby.” Em uma semana se completará um ano da final da Copa de 2010, aqui mesmo. Em volta do estádio, a mesma poeira de um ano atrás, mas, claro, muito menos movimento. Aliás, nenhum movimento. Nas pistas em volta do Soccer City, ninguém, nem a pé, nem de carro. Vias novas, largas e vazias. Os semáforos estão desligados até. Alguns foram mesmo desativados, e, deitados no chão, esperam pelo tempo passar. Ali perto, uns dois quilômetros, se tanto, fica o Museu do Apartheid, que visitei pela quarta vez. Foram 150 rands (32 reais) para nós três – eu, minha esposa Sandra e meu sobrinho Guilherme. Ficamos três horas lá dentro, vendo fotos, filmes, documentos, lendo, conversando. Só saímos quando fechou. É claro que uma coisa não se compara à outra. Mas são atrações turísticas, que cobram, creio, com base no necessário para se manter. Vi que, neste primeiro ano, até que foi bom o volume de visitas (e dinheiro) obtido com turismo no Soccer City (fiz referência sobre isso em outro texto sobre obras da Copa na África do Sul – olhe aqui). Mas, será que, com o tempo passando, o interesse será o mesmo? E os jogos aqui, quantos serão? Bem perto, o outro estádio de Joanesburgo na Copa, o Ellis Park, segue funcionando, com “jogos até duas vezes por semana”. Lá, por sinal, nem se cobra pelo tour – que nós também fizemos. Um estádio menor, menos imponente, mas com muito mais história. Afinal, além de várias finais regionais, foi ali que os Springboks ganharam o Mundial de Rugby de 1995, com Pinnard em campo e Mandela na arquibancada, como contado no filme Invictus. Não sou contra Copa (como poderia, depois de estar em três?), nem acho que não se pode dar a ela o peso que a FIFA quer, nem as culpas que os críticos impõem. Copa cria emprego e negócios para poucos (os de sempre), não revoluciona cidades ou acaba com seus problemas. Gera, isso sim, algumas obras, um movimento econômico/imagético temporário e um ganho na auto-estima que, se bem aproveitados, podem ter efeitos extraordinariamente positivos. Mal aproveitados, terminam em estádios vazios, cercados de enormes pistas, semáforos desligados. E uma grande desilusão. Ainda hoje ouvi que uma das “jóias” do Euro 2004 foi colocado à venda no fim de semana. O estádio do União de Leiria, em Portugal, custa mais de um milhão de euros por ano. A cidade não aguenta mais pagar essa conta. Feito para a competição, ele “se pagaria”, com shows, tours, jogos, eventos. Não deu. Já Londres comemora o “legado”: o bairro do parque olímpico de 2012 já está parcialmente revitalizado, com estações de metrô melhoradas, ruas renovadas. O maior shopping center da Europa fica ao lado do Parque Olímpico, e vai gerar 10 mil empregos. Que o sorriso de Ifraim, lá no Soccer City, dure por muitos anos. Que ele não tenha, daqui um tempo, vontade de mudar para Londres (ou para o Rio, quem sabe). Nem ter de pedir emprego ali perto, no Museu do Apartheid. Pra fechar, fotchinha para os coleguinhas. Amigos, abaixo, a real Mandela Square, sem tenda da Sony. Depois que passa a Copa, a vida volta ao normal. Eduardo Castro Parece cada vez mais consensual, a crise na Zona Euro não se resume apenas a uma crise dos Países Periféricos. É sobretudo uma crise de vazio político, de uma gritante ausência de liderança, cujo, expoente máximo é a Alemanha, personificada pela Sra Angela Merkel. Uma Sra responsável por um conjunto de declarações e indefinições que apenas agravaram a temperatura do termómetro da crise.
Num texto que também vai ser hoje publicado, mas na secção Portugal, com o título “Zona Euro, sair ou não?”, do autor Fernando Aidos, após uma ligeira troca de impressões entre mim e ele, com refúgio no bom-senso, disse que tal opção seria catastrófica para Portugal porque a dívida continuaria denominada em Euros, haveria uma escalada da inflação, acompanhada pelo disparar das taxas de juros e o afundamento total do escudo, e cuja consequência, seria uma maciça fuga de capitais e décadas sem ter acesso aos mercados, portanto, a miséria mais que absoluta. No entanto, esta troca de impressões, fez-me recuperar uma ideia antiga, um lugar comum, aliás, cada vez mais comum, afirmar que existe uma Europa à duas velocidades. Não sou Robert Mundell, nem de perto, nem de longe, para escrever com autoridade sobre o Euro e as Áreas Monetárias Óptimas, mas se existe cada vez mais um fosso entre os países não faria sentido a existência de duas Zonas Euros? Uma Zona Euro para a Alemanha e seus semelhantes e uma outra Zona Euro para os PIIGS? Uma Zona Euro com um Euro à imagem e semelhança do Marco Alemão, um BCE reflexo perfeito do Bundesbank, enquanto, do outro lado, teríamos um Euro para os PIIGS, suficientemente desvalorizado para recuperar a competitividade e relançar o crescimento económico da Zona Euro PIIGS, um BCE PIIGS preocupado em gerar emprego e controlar a inflação (a imagem da FED), e quando necessário, imprimir dinheiro. Além disso, teríamos um Governo Económico Comum para toda a Zona Euro PIIGS, com harmonização fiscal, desenvolvimento de mecanismos ou veículos de dívida comum, e sobretudo, uma profunda mudança de mentalidade na Zona Euro PIIGS. Para isto funcionar, teríamos que abandonar, de forma transversal, em toda a sociedade, o estilo de vida; a la Camorra, que tanto nos apraz viver. Teríamos que assumir de uma vez por todas: La Dolce Vita che finita. Na minha perspectiva o ideal seria transformar esta Zona Euro PIIGS numa Suíça, mas em ponto grande. A questão seria saber que consequências uma realidade deste género teria para a Alemanha? Um país com um superavit tremendo mas com uma procura interna estagnada, que consequências, teria um cenário desta natureza para a indústria alemã? Provavelmente, a indústria alemã perderia competitividade, perderia quota de mercado, com a procura interna estagnada, com o horror alemão à inflação, a economia entraria em recessão. Nesta equação complexa, com muitas variáveis que não dominamos e nem conhecemos, quem precisa mais de quem? Uma coisa parece-me evidente, o nosso maior trunfo, será sempre a Boa-Governação. Porque qualquer que seja o cenário futuro, será a única forma de recuperar a nossa credibilidade e a nossa reputação. Hoje e no futuro, o nosso país apenas depende de nós, o resto é ficção, inclusive, este suposto artigo. Miguel Amaral Nas últimas semanas estamos sendo bombardeados com notícias sobre o agravamento da crise europeia e norte-americana. Ambas as crises possuem a mesma razão: alto endividamento do setor público e, em alguns países, do setor privado também. O motivo disto é simples e fácil de entender: os governos gastam mais do que arrecadam. A lógica para os governos é a mesma das empresas e das pessoas físicas: se gastamos mais do que recebemos, fazemos dívida e, se não conseguimos pagar a dívida, precisamos fazer uma nova dívida para pagar a antiga, fazendo com que fique uma bola de neve. O grande problema é que a dívida ficou grande demais e está chegando a hora de pagar a conta.
Quando estamos nesta situação, só há três possibilidades para continuarmos honrando nossos pagamentos e não declararmos moratória, ou seja, deixarmos de pagar nossas dívidas: aumentando as receitas, diminuindo os gastos ou conseguindo mais crédito. As soluções dos países desenvolvidos estão basicamente nas duas últimas. Os Estados Unidos estão tentando uma solução mista, aumentando o limite de endividamento, ou seja, conseguindo mais crédito e também com um amplo pacote de contenção de gastos públicos, principalmente de programas sociais e orçamentos das forças armadas. Por sua vez, a Europa está sendo mais radical. Estão propondo cortes fantásticos nos gastos públicos, por meio de diminuição de gastos com funcionalismo público e também por corte em programas sociais. Entretanto, o que o mercado analisa é que estas decisões podem se tornar um grande tiro no pé, o que reforça a expectativa de que a crise e a recessão nestes países serão de longo prazo, alguns falando de três, outros chegando até a falar em dez anos de crise e/ou baixo crescimento. E por que isto pode ser um grande tiro no pé? A razão, por mais estranha que possa parecer, é simples: quando o governo gasta dinheiro, principalmente com salários e programas sociais, isto tem o efeito de geração de renda para a população e, quanto mais renda para a população, mais as pessoas gastam e, quanto mais se gasta, maior a arrecadação de tributos por parte do Estado, conseguindo, assim, aumentar a sua receita para equilibrar o caixa. O exemplo brasileiro do Bolsa Família é bem explicativo deste fenômeno. Então, surge a questão: por que então os governos não gastam mais dinheiro ao invés de economizar? Por uma razão simples: não há mais dinheiro. Os países gastaram rios de dinheiro para salvar o sistema financeiro na crise de 2008 e este dinheiro não foi suficiente para impulsionar a economia. Por esta razão, os governos dos países europeus mais relevantes (Alemanha e França), bem como a oposição radical nos EUA simplesmente fecharam as torneiras para aumentar o gasto público. Onde isto vai nos levar? Sinceramente, não me arrisco a fazer previsões neste momento, mas vejo um cenário não muito otimista pela frente, visto que uma crise lá fora, fatalmente vai impactar nosso país, mesmo que de maneira menos intensa. Jorge Eduardo Scarpin |