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Maputo
Faz mais de um ano eu contei aqui que em Moçambique, a fruta caqui é chamada diospiro. Pois hoje eu descobri mais uma sobre a mesma fruta. A árvore do caqui/diospiro é da mesma família do ébano. Pode ser óbvio para alguns leitores, mas para mim é pura novidade.
Eu descobri porque queria falar do artesanato de Moçambique. O mais conhecido é o feito em pau preto, que é justamente o ébano… Essa madeira, especialmente, no miolo dos troncos, é muito escura e densa. Por isso, é um artesanato difícil de ser feito. Como me explicou um artesão outro dia “aleija muito as mãos no trabalho”. Há em Maputo, inclusive, a Feira do Pau. É uma feira de artesanato em geral, mas com forte presença do artesanato em pau preto, que acontece todos os sábados, entre 10h e 16h, na avenida Samora Machel, ao lado da praça 25 de junho. Para além do artesanato em pau preto, há muitos produtos em sândalo, tecido, conchas, barro, pedra sabão, folha de bananeira, enfim, uma diversidade imensa de materiais. O único senão da feirinha é a falta de estratégia de venda dos expositores. Na ânsia de vender, eles voam para cima das pessoas que estão apreciando a arte feito mosca em rosca de padaria. E ficam falando “venha ver minhas peças… é só para apreciar, não precisa comprar”. Mas vinte pessoas fazendo isso ao mesmo tempo, não permitem nem mesmo que se aprecie. O potencial cliente fica aborrecido e vai embora sem levar nada. Eu mesma já quis muito apreciar com calma o trabalho, mas nunca consigo e acabo saindo de mãos vazias. De uns tempos para cá, há uma alternativa bem interessante, que é a FEIMA (Feira permanente de artesanato, gastronomia e flores na cidade de Maputo), fica no Jardim Parque dos Continuadores, que está entre as avenidas dos Mártires da Machava e Armando Tivane. Lá funciona todos os dias, das 10h às 18h, com algumas barracas ficando até 19h. Tem os mesmos tipos de artesanato, com mais opções de roupas e batiques que na Feira do Pau. A vantagem é que na FEIMA cada expositor tem seu espaço (enquanto na Feira do Pau, há expositores que ficam perambulando, sem lugar fixo). Então, você passa por ele e ele não vai atrás de você. Mesmo assim, é meio chato, porque você está a apreciar uma barraca e o camarada da barraca do lado fica chamando. É um pouco inconveniente, mas da última vez que eu fui lá resolvi botar ordem na casa. Eu queria ver todos os trabalhos e com calma. Então, quando cheguei já fui logo avisando: “vou ver tudo, de todo mundo e comprar o que eu quiser e não o que for de quem me perturbar mais. E se um vier pedir para ver as suas peças enquanto eu estiver vendo o trabalho do outro, vou embora e não compro nada”. A informação correu de barraca em barraca e consegui, durante uma hora e meia, ser bem pouco importunada e apreciar muita coisa linda. Outra vantagem da FEIMA é as barracas terem cobertura, o que ajuda muito na época do verão. Na Feira do Pau, a exposição é a céu aberto. Mas as duas têm aquela coisa chata de você ter que pechinchar para conseguir um preço razoável. Sempre se consegue diminuir uns 40% no valor inicial. Se for dia de movimento fraco, então, se diminui até mais. Um terceiro lugar muito bom de fazer esse tipo de compra é o Centro Juvenil de Artesanato – Mozarte. É um centro mantido pelo Ministério da Juventude e Desportos, que fica na avenida Filipe Samuel Magaia, entre as avenidas Ho Chi Min e Josina Machel. Lá você não tem contato com os artesãos, o que é uma desvantagem. Mas a vantagem é saber que são adolescentes em situação de vulnerabilidade social, que aprendem o artesanato no próprio centro Mozarte e têm lá o espaço onde suas obras são comercializadas. Os preços são bastante justos, o que já torna desnecessário entrar na negociação de pechincha. Lá funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30, e aos sábados das 9h às 13h. Esses são os lugares que eu gosto de freqüentar por aqui quando o assunto é artesanato. Mas, mesmo quando não vamos a eles, caminhando pelas avenidas 24 de julho ou 25 de setembro, sempre é possível cruzar com um vendedor ambulante com boas peças nas mãos. Veja outras impressões sobre o artesanato moçambicano no post A economia do artesanato, de Fernando Aidos, publicado no blog Perspectiva Lusófona. Saiba mais sobre o artesanato em Moçambique, visitando o site do Cedarte (Centro de Estudos e Desenvolvimento do Artesanato). Sandra Flosi
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