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Brasília
Hoje, no VALOR ECONÔMICO, a análise sempre inteligente de Alexandre Schwartsman.
A política fiscal brasileira tem sido mais expansionista do que sugere o resultado primário das contas públicas (que não inclui gastos com juros), levando o Banco Central a superestimar o seu papel para segurar a demanda, avalia o ex-diretor do BC Alexandre Schwartsman, sócio diretor da Schwartsman & Associados. Num cálculo que exclui as receitas obtidas pelo pagamento de dividendos e de concessões, o superávit primário de 2011 ficou em 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo do número oficial de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Ainda que tenha sido um desempenho melhor que o superávit de 1,1% do PIB de 2009 e de 2010 (também na série ajustada), os 2,5% do PIB ficaram consideravelmente abaixo dos 3,2% do PIB registrados entre 2003 e 2008, diz Schwartsman. Além disso, afirma ele, uma mesma economia para pagar juros obtida com aumento de receitas e despesas é mais expansionista do que se for alcançada com arrecadação e despesas menores. Em 2012, os gastos devem crescer ainda mais, dado o impacto do aumento do salário mínimo sobre despesas previdenciárias e assistenciais e a decisão do governo de aumentar os investimentos. "Em resumo, a política fiscal é mais expansionista do que costumava ser, mas isso não é capturado de modo correto pelo BC", diz Schwartsman. Para ele, os modelos da autoridade monetária continuam a se basear nos números não ajustados de superávit primário para medir a política fiscal, superestimando fortemente a contribuição da política fiscal para segurar a demanda. "O BC continua a tratar queijo parmesão como se fosse salada, mas a inflação não vai ser enganada por esse subterfúgio." João Melo
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Jeffrey D. Sachs é professor de economia e diretor do Instituto Terra, na Columbia University. Ele é também assessor especial do secretário-geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Escreveu neste artigo especialmente para o Valor Econômico uma aula sobre sustentabilidade.
Desenvolvimento sustentável significa atingir um crescimento econômico que seja amplamente compartilhado e que proteja os recursos vitais do planeta. Nossa economia mundial atual não é sustentável - mais de um bilhão de pessoas deixadas para trás pelo progresso econômico e o ambiente terrestre sofrendo danos resultantes da atividade humana. Um desenvolvimento sustentável exige a mobilização de novas tecnologias norteadas pelo compartilhamento de valores sociais. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o desenvolvimento sustentável está no topo da agenda mundial. Adentramos um período perigoso, em que uma população enorme e crescente, associada a com rápido crescimento econômico, agora ameaça produzir um impacto catastrófico no clima da Terra, na biodiversidade e no suprimento de água potável. Antropoceno é como os cientistas denominam esse novo período - em que os seres humanos tornaram-se os principais causadores de mutações físicas e biológicas na Terra. O Painel de Sustentabilidade Mundial (PSM) do secretário-geral da ONU publicou um novo relatório que delineia um referencial para o desenvolvimento sustentável. O PSM corretamente observa que o desenvolvimento sustentável tem três vertentes: erradicar a pobreza extrema, garantir que a prosperidade seja compartilhada por todos, - mulheres, jovens e minorias -, e proteger o meio ambiente natural. Esses objetivos podem ser denominados pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável. O PSM exortou os líderes mundiais a adotarem um novo conjunto de Metas de Desenvolvimento Sustentável (MDS) que ajudarão a moldar as políticas e ações mundiais após 2015, ano alvo das Metas de Desenvolvimento do Milénio (MDM). Considerando que o foco das Metas do Milênio é reduzir a pobreza extrema, as MDS deverão contrar-se nos três pilares do desenvolvimento sustentável: erradicar a pobreza extrema, compartilhar os benefícios do desenvolvimento econômico entre toda a sociedade e proteger a Terra. Uma coisa, é claro, é definir as metas sustentáveis e outra alcançá-las. O problema pode ser percebido examinando um desafio crucial: as mudanças climáticas. Hoje, há sete bilhões de pessoas no planeta, e cada uma é responsável, em média, pela liberação um pouco superior a quatro toneladas de dióxido de carbono na atmosfera por ano. Esse CO2 é emitido quando queimamos carvão, petróleo e gás para produzir eletricidade, conduzir carros ou aquecer nossas casas. Ao todo, os seres humanos lançam cerca de 30 bilhões de toneladas de CO2 por ano na atmosfera, o suficiente para mudar acentuadamente o clima em poucas décadas. Em 2050, provavelmente haverá mais de nove bilhões de pessoas na Terra. Se essas pessoas forem mais ricas do que as pessoas atualmente são (e, portanto, consumirem mais energia), o total mundial de emissões poderá dobrar ou mesmo triplicar. Esse é o grande dilema: precisamos emitir menos CO2, mas estamos, mundialmente, a caminho de poluir muito mais. Precisamos nos preocupar com esse cenário porque a permanência em um caminho de crescentes emissões em escala mundial produzirá, certamente, estragos e sofrimento para bilhões de pessoas que serão atingidas por ondas de secas e calor, furacões e muito mais. Já experimentamos o início desse sofrimento nos últimos anos, com uma série de fomes devastadoras, inundações e outros desastres relacionados ao clima. Então, como poderão as pessoas no mundo - especialmente os pobres - beneficiar-se de mais eletricidade e mais acesso a transportes modernos, mas de uma forma que salve o planeta em vez de destruí-lo? A verdade é que não poderão - a menos que melhoremos as tecnologias que usamos. Precisamos usar energia com muito mais sabedoria, e ao mesmo tempo precisamos abandonar os combustíveis fósseis e adotar fontes de energia que emitem pouco carbono. Essas melhorias são possíveis e economicamente realistas. Considere, por exemplo, a ineficiência energética de um automóvel. Nós atualmente movimentamos uma máquina que pesa entre 1 mil e 2 mil quilos para transportar uma ou duas pessoas, cada um pesando talvez 75 quilos. E fazemos isso usando um motor a combustão interna que aproveita apenas uma pequena parte da energia liberada pela queima da gasolina. A maior parte da energia é perdida na forma de calor. Poderíamos, portanto, conseguir uma grande redução nas emissões de CO2 por meio da adoção de veículos pequenos e leves dotados de motores elétricos de alta eficiência alimentados por baterias carregadas a partir de uma fonte de energia de baixo carbono, como a energia solar. Ainda melhor: adotar veículos elétricos, em vez de continuar usando os atuais, nos permitiria aproveitar os mais avançados recursos de tecnologia da informação para tornar tais veículos inteligentes - suficientemente inteligentes para até mesmo possibilitar que se movimentem sozinhos usando sistemas avançados de processamento de dados e de posicionamento. Os benefícios das tecnologias de informação e de comunicação podem ser observados em todas as áreas da atividade humana: melhor agricultura utilizando GPS e microdosagem de fertilizantes; fabricação de precisão; edifícios que sabem como consumir menos energia, e, claro, o poder transformador da internet. Recursos de banda larga móvel já estão conectando até mesmo as aldeias mais distantes na zona rural da África e da Índia, reduzindo assim significativamente a necessidade de viagens. Movimentações bancárias são agora feitas por telefone, assim como uma diversidade crescente de diagnósticos médicos. Livros eletrônicos são transmitidos diretamente para dispositivos portáteis sem necessidade de livrarias, deslocamentos pessoais ou da celulose e do papel nos livros físicos. A educação também baseia-se cada vez mais na internet e em breve permitirá que alunos em toda parte recebam educação de primeira qualidade a um custo marginal quase zero para a inclusão de mais um aluno. No entanto, para migrar de onde estamos até o desenvolvimento sustentável não dependerá apenas de tecnologia. Isso envolverá também incentivos de mercado, regras governamentais e apoio público à pesquisa e desenvolvimento. Mas ainda mais fundamental do que políticas de governança será o desafio dos valores. Precisamos compreender nosso destino comum e abraçar o desenvolvimento sustentável como um compromisso comum de decência para todos os seres humanos, hoje e no futuro. João Melo _A elaboração processual de um plano econômico-social é postura política, pois se trata de ação coletiva, que difere da ideia ortodoxa de auto regulação dos diversos mercados livres em equilíbrio geral. Afasta-se a dicotomia entre Estado e Mercado, mas reconhece-se hierarquização no inter-relacionamento dos diversos mercados de maneira dinâmica: Mercado Interno – Mercado de Capitais – Mercado de Dinheiro – Mercado de Trabalho – Mercado de Câmbio – Mercado Financeiro Internacional – Mercado Externo – Bloco Regional, que é um Mercado Interno ampliado.
O desenvolvimento não se estabelece de maneira autárquica. Não se trata de um Estado Nacional isolar a economia e a sociedade, via protecionismo, mas sim de atuar, diplomaticamente, de maneira pró ativa na Governança Internacional. Afasta-se, então, outro falso dilema entre dirigir o desenvolvimento “para fora” (mercado externo) ou “para dentro” (mercado interno): nem será apenas Export Led, nem unicamente Domestic Led (ou Wage Led). São movimentos complementares e não excludentes, embora se reconheça que, dado o grau de abertura da economia brasileira, inclusive por sua disponibilidade de recursos naturais (terra agricultável, água, minérios, etc.) e humanos, o mercado interno tem peso significativamente superior. Na Composição do PIB brasileiro pela Ótica da Demanda, o consumo familiar poderá representar, grosso modo, 60%; o gasto governamental, 20%; o investimento, 18%; e exportação líquida, 2%. Na história econômica brasileira recente, esta foi superavitária apenas entre 2002 e 2008. O desenvolvimento brasileiro tem seus ícones em “terramarear”: em terra, a conquista do cerrado; em mar: a extração de petróleo em águas profundas; no ar: sua participação no mercado mundial de aviação regional. Sua matriz hidroelétrica também é símbolo do uso desenvolvimentista da abundância de água doce. É nítida a importância histórica de instituições de pesquisa tecnológica no Brasil, que foram questionadas na era neoliberal: Embrapa/IAC na produtividade da agroindústria brasileira; Embraer/ITA na indústria aeronáutica; Petrobrás na fronteira tecnológica da prospecção e exploração do petróleo em “águas profundas” do pré-sal; Eletrobrás e outras estatais para a matriz energética diversificada, entre outras fontes limpas, a hidroeletricidade e o biocombustível. As instituições financeiras desenvolvimentistas também demonstraram ser imprescindíveis ao desenvolvimento econômico-social: BNDES no financiamento da infra-estrutura e logística; Banco do Brasil no crédito agrícola; Caixa Econômica Federal no desenvolvimento urbano. Na Composição do PIB brasileiro pela Ótica da Oferta, grosso modo, a agricultura contribui com apenas 6%, a indústria extrativa, com 10%, os serviços de utilidade pública, a indústria de construção e a de transformação, com 18%, e os serviços, com 66%. Esta divisão de trabalho entre o setor primário, secundário e terciário, na realidade, não é válida. Em abordagem estruturalista, caberia um redimensionamento dessas atividades em termos de agroindústria, petroindústria, servindústria, etc. Um projeto estratégico na elaboração de um plano econômico-social seria a medição correta dessa matriz de setores de atividade, isto é, a verificação do inter-relacionamento entre a agroindústria, a indústria extrativa, a petroindústria, o biocombustível, seja o biodiesel a partir do complexo soja, seja o etanol produzido pelo complexo sucro-alcooleiro, todos voltados para a elevação da competitividade externa do País. Mas a contrapartida envolveria a medição do inter-relacionamento de todas as atividades voltadas principalmente para o mercado doméstico: hidroeletricidade, construção civil e pesada (execução de obras públicas), indústria de transformação, e a servindústria: o relacionamento dos serviços de transporte, telecomunicações, tecnologia de informações, sistema financeiro, etc., com a indústria de transformação. Tema estratégico para o desenvolvimento é a questão: como financiá-lo? A geração do funding necessário, seja via mercado financeiro internacional, seja via desenvolvimento do mercado de capitais, é possível de ser também planejada. Relaciona-se com o debate a respeito da securitização do crédito imobiliário para aquisição de recebíveis por parte das entidades de previdência complementar, transferindo então ativos de base imobiliária dos bancos para os fundos de pensão. Elevará, assim, a rotação de capital no financiamento habitacional e oferecerá alternativa ao carregamento de títulos de dívida pública. Por trás dessa solução está a coordenação dos instrumentos de política econômica de curto prazo. A política de juros, assumindo a tendência de queda da taxa de juros básica (Selic), face ao quadro recessivo mundial, não só facilitará a prefixação dos títulos de dívida pública, como também diminuirá os encargos financeiros do Tesouro Nacional. A política cambial, evidentemente, relaciona-se com o controle inflacionário. Tem de enfrentar a especulação de curto prazo, estabelecer o cupom cambial (taxa de câmbio esperada) adequado à paridade entre juro interno e juro internacional, mas sem esquecer dos outros fundamentos: o saldo do balanço de transações correntes e a paridade entre preços dos produtos nacionais e preços de produtos estrangeiros. Tudo isso relaciona-se com a produtividade alcançada pelos produtos exportáveis. Isto sem esquecer a importância circunstancial do controle de capital, isto é, de se estabelecer o grau de mobilidade do capital. Porém, o debate sobre a estratégia do desenvolvimento não paira no ar. Tem de ser localizado e datado, portanto, ter também compatibilidade com meio ambiente adequado. Em outras palavras, a dimensão do espaço e do tempo é imprescindível de ser também analisada. Como exemplo da questão regional, citamos a implementação dos transportes e o planejamento urbano da megalópole Campos-Campinas, alcançando também a Zona da Mata e Sul de Minas Gerais. O primeiro passo seria a medição da população e da renda atingida nesse 1% do território nacional. Grosso modo, estima-se em cerca de 40% cada uma dessas dimensões. A avaliação a interiorização do desenvolvimento é outro desafio. Novas regiões econômicas, como o oeste baiano, Tocantins e Mato Grosso, foram incorporadas ao mapa econômico brasileiro nas últimas décadas. Enfim, o desenvolvimento possui múltiplas dimensões físicas: para dentro, para fora; espacial e temporal. No tempo está a janela de oportunidade aberta pelo bônus demográfico que o País vive neste primeiro meio século do novo milênio. Coloca em pauta o debate sobre a previdência complementar, inclusive pela emergência da nova classe média, e a alteração da relação entre gastos (públicos e familiares) na educação e na saúde, devido ao envelhecimento da população brasileira. Portanto, em um plano econômico-social, a demografia não pode estar ausente. Como síntese fácil de ser memorizada, cabe a listagem de projetos de desenvolvimento emblemáticos, para a sociedade e a economia brasileira, que por seus efeitos de encadeamento para frente e para trás, certamente, estarão na agenda de pesquisa e/ou acompanhamento de economistas desenvolvimentistas: - Servindústria: educação e saúde com tecnologia de informações; PNBL (Plano Nacional de Banda Larga); trem-bala; - Construção: urbanização de favelas; saneamento básico; - Extrativa: mineração; petrosal; - Agroindústria: complexo da soja, inclusive biodiesel; complexo sucro-alcooleiro (etanol); complexo das carnes. - Indústria de Transformação: encadeada aos setores destacados, seja pelo fornecimento de insumos, seja pelo atendimento da demanda por seus produtos finais. Fernando Nogueira da Costa _No ano de 279 AC, o rei da Épiro e Macedonia, Pirro, enfrentou os romanos na batalha de Ásculo. Ao final de dois dias de batalha, os romanos perderam seis mil homens e Pirro perdeu quase quatro mil. Quando foram parabenizar Pirro pela Vitória ele teria dito: Mais uma vitória como esta e estarei perdido.
O governo federal brasileiro promoveu uma “privatização tímida” de três grandes aeroportos. A imprensa destacou a mudança de atitude do governo com respeito à questão da privatização, sem deixar de ressaltar que a Infraero, um braço do governo, ainda terá uma participação expressiva no negócio. Além disto, a postura abre a possibilidade de que no futuro outras concessões sejam passadas para a iniciativa privada e, quem sabe até, empresas estatais sejam vendidas integralmente. Um ponto importante que gostaria de destacar é o valor elevado pago pelos vencedores. Isto pode ser explicado por diversas razões: o preço mínimo estabelecido foi muito pequeno, a possibilidade de rever os contratos no futuro previsto na modelagem dos ganhadores, os juros reduzidos do financiamento garantido pelo banco oficial (BNDES), a possibilidade de reduzir o investimento obrigatório que estaria superestimado, a obtenção de mais receitas de exploração dos aeroportos, entre outros fatos. Entretanto dois aspectos chamam a atenção. Em primeiro lugar, o valor foi elevado não somente em relação ao preço mínimo, mas também quando se compara com a proposta do segundo colocado. Em segundo lugar, a reação do mercado acionário, que derrubou o preço das ações das empresas ganhadoras. Acredito que o ágio dos vencedores do leilão ocorreu por uma razão simples: a maldição do vencedor. Quando um grupo de pessoas tenta formar um preço de um ativo ou de uma empresa, alguns serão pessimistas, colocando um preço abaixo da média; outros, os otimistas, precificam acima da média. Isto é o que ocorreu no leilão dos aeroportos desta semana. Mas como estamos lidando com um leilão, vence aquele que oferece o maior lance. Ou seja, aquele que considerou um preço muito acima do valor médio e dos demais. Foi o que ocorreu com o leilão dos aeroportos. Quando ocorre a maldição do vencedor existem duas possíveis explicações: ou o vencedor realmente enxergou algo que os demais não perceberam e irá aproveitar desta oportunidade ou então o vencedor realmente cometeu um grande erro. As situações práticas mostram que o mais comum é o vencedor ter cometido algum engano nos seus cálculos, tendo estimado um preço muito acima do que seria razoável para a concessão. Isto já ocorreu anteriormente na privatização no Brasil. E isto ocorre com muita frequência no mundo empresarial. Trata-se da maldição do vencedor, ou uma vitória de Pirro. César Tibúrcio _O setor industrial segue célere seu destino de ser engolido pelos importados, processo verificado de forma crescente e fortemente incrementado no ano passado.
Entre os fatores deste massacre, a taciturna política econômica implementada no país, que é muito lenta ao reagir ao dinâmico mercado internacional e suas investidas leoninas. Assistimos às famintas investidas dos produtores internacionais ao nosso alegado saudável mercado consumidor interno, quase nos ufanando por estarmos aparentemente longe da ruína dos tradicionais mercados norte-americano e europeu, e isso nos faz cochilar sobre louros enganosos de quem pensa que está imune ao panorama mundial nada tranqüilizador. Por conta disso, ao verificarmos os indicadores econômicos do ano de 2011, não podemos deixar de ficar preocupados com os rumos reservados ao nosso setor produtivo. No geral, em 2011 22,8% de todos os manufaturados consumidos no Brasil veio de fora. Não é este articulista defensor de algum ingênuo processo de isolamento econômico do país, para nos tornarmos de uma impossível suposta autosuficiencia em alguma coisa neste mundo cada vez mais com cara de aldeia global. Porém vimos ontem, 1º. de Fevereiro, nossos hermanos da Argentina impor um pacote de controle geral de importações que afeta diretamente ao seu maior parceiro comercial, nós, colunas que somos do malfadado bloco econômico chamado de Mercosul: às favas com várias garantias de condições privilegiadas de trâmites e tributação de mercadorias entre os países membros, Brasil e Argentina dividindo o status e a responsabilidade de serem as firmes colunas que o sustentam. No âmbito geral do comércio internacional, outros blocos econômicos e outras nações miram nossos consumidor interno, vários deles empolgados por terem nas mãos algum produto importado, não visualizando que, enquanto consumimos massivamente coisas que vêm do outro lado do planeta, prejudicamos nosso quadro interno de desenvolvimento tecnológico, emprego e até mesmo a balança comercial. Conseqüências imediatas disso: Mercado de celulares: a importação de aparelhos em 2011 cresceu de 7 milhões de aparelhos em 2010 para 15 milhões de aparelhos em 2011. Em contrapartida, as exportações brasileiras de do mesmo equipamento retraiu-se de 13 milhões de aparelhos em 2010 para 7 milhões em 2011 (Abinee). Este quadro revela vários sintomas a serem avaliados com carinho: o já identificado há décadas, famoso e propalado embora jamais atacado a sério “custo Brasil”, que inviabiliza uma concorrência competitiva com os produtos fabricados em economias mais dinâmicas, somado ao avanço tecnológico a passos galopantes e exponenciais conseguido nos fabricantes notadamente asiáticos, cuja corrida já estamos perdendo... O resumo do mercado de celulares: em 2011 as importações crescerem 111% em valores, e nossas exportações despencaram 48% idem; as importações de equipamentos de telecomunicações no ano passado aumentaram em 35% em relação a 2010, e nossas exportações diminuíram em 19%. No setor automotivo, onde o Brasil tem o 3º. Mercado consumidor do planeta, nosso “acordo” comercial com o simpático México resultou em 2011 em importações de 2 bilhões de dólares de veículos e peças daquele país, contra exportações de míseros 372 milhões na mesma moeda. (Isso sem falar que os milhares de carros que vêm daquele país circulam em nossas ruas e estradas com equipamentos de segurança que não atendem as especificações da autoridade brasileira de transito(!)). Com base nas “facilidades” do acordo, os lançamentos de veículos ultramodernos e luxuosos que fazem a delícia do deslumbrado consumidor brasileiro que poderiam e deveriam ser fabricados aqui em Pindorama, o são na terra da tequila, enquanto nossas fábricas de automotivos encolhem com o fim de linha de modelos antigos e ultrapassados tecnologicamente. Os carros que os fabricantes resolvem fabricar por estas paragens simplesmente não agregam o que há de mais moderno e avançado, e contribuímos para que os outros países, os fabricantes, se distanciem cada vez mais na vertiginosa corrida tecnológica. 24,4% dos veículos vendidos em 2011 não falam o delicioso português do Brasil (literalmente: seus comandos em língua estrangeira escancaradamente ignoram os dizeres do nosso Código de Defesa do Consumidor, em processo já denunciado aqui – engraçado: há alguns anos trabalhava na filial brasileira de um dos maiores fabricantes de tratores do mundo, e exportávamos várias unidades para a Arábia Saudita. Nenhum trator saía dos portões da indústria sem que todos os seus comandos estivessem grafados na língua pátria do destinatário. Aqui, não nos importamos de comprar coisas com instruções e indicações ininteligíveis ao nosso uso...), e as importações cresceram em valor 21,5% em 2011 em relação a 2010, e nossa atividade industrial no mesmo ramo cresceu apenas 2,4%, autopeças inclusas. No setor têxtil, um dos maiores produtores mundiais de algodão viu sua indústria de transformação deste material encolher 14,9% em 2011, ao passo em que verificamos que mais de ¼ do que consumimos no mesmo ano veio de fora. É o fenômeno da desindustrialização de vários setores tupiniquins. Não é necessário ser economista ou algum grande especialista na área para entender que o incremento das importações de manufaturados implica o fechamento das indústrias locais, com todas as conseqüências sociais e trabalhistas, e o abandono de processos de aperfeiçoamento técnico dos produtos, o que a médio e longo prazo pode inviabilizar seriamente a atividade industrial de ponta no país. Incomoda ver que somos grandes exportadores de matérias primas, suco de laranja, café e soja, e cada vez mais nos apresentamos para reassumir nosso papel que tão bem já desempenhamos historicamente, por séculos, na época do Brasil-Colônia: grandes importadores de manufaturados. Wagner Woelke _Entra governo, sai governo, entra administrador público, sai administrador público e uma prática política brasileira se mantém
firme: a indicação de padrinhos para cargos públicos, nos chamados cargos comissionados, bem como secretarias, ministérios e assessorias afins. Alguns apadrinhados possuem competência técnica para a função a ser desempenhada, outros não. O problema maior é a sociedade não ser capaz de discernir o joio do trigo. A solução para isto não é tão complexa, basta o currículo dosfuncionários não concursados da administração direta e indireta estar disponível para a população. Imaginem uma mulher nomeada para uma secretaria municipal qualquer poder informar à população que, além de ser mãe de um vereador, também possui competência para o cargo em questão? E não seria ótimo a sociedade descobrir que um assessor qualquer tem como única qualificação ser filiado ao partido que está no poder, ou ser parente de algum deputado da base aliada do governo? Entretanto, há milhares de pessoas nesta situação e seria virtualmente impossível colocar todos estes dados de forma organizada na internet, não havendo uma maneira técnica de se fazer um banco de dados desta magnitude. Ledo engano, há, no Brasil, uma plataforma, 100% nacional, que compila, de maneira organizada e sistemática, as qualificações acadêmicas, experiência profissional, projetos de pesquisa, publicações acadêmicas e outras informações sobre a vida profissional de pesquisadores, docentes em geral, além de alunos participantes de projetos de pesquisa. Esta plataforma, denominada Lattes, é um projeto do CNPq de integração de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações público e aberto para acesso sem senhas ou permissões especiais. A dimensão atual da plataforma Lattes se estende não só ao CNPq, mas também de outras agências de fomento federais e estaduais, das fundações estaduais de apoio à ciência e tecnologia, das instituições de ensino superior e dos institutos de pesquisa, além de ser utilizada também pelo MEC e INEP. A plataforma pode ser acessada pelo endereço http://lattes.cnpq.br/ e depois no link “buscar” para ter acesso a todos os currículos cadastrados e, para facilitar a pesquisa, todo currículo cadastrado possui um link direto para consulta. Como exemplo, o link direto para o meu currículo é o http://lattes.cnpq.br/6474056681420203. Tecnologia e expertise o Brasil tem de sobra, falta apenas disposição política para que as informações de nossos gestores serem disponíveis para consulta, gerando uma maior transparência para a administração pública nacional. Jorge Eduardo Scarpin _Se você perguntar às raposas se as galinhas estão protegidas, certamente, elas responderão que sim! A imprensa em geral pergunta aos próprios profissionais do mercado imobiliário se há bolha de preços dos imóveis – ou quando ela estourará com queda geral dos preços dos “terrenos onde as galinhas ciscam”. As “raposas” negam, veementemente, com base nos seguintes argumentos.
A imensa maioria busca o primeiro imóvel próprio para morar, mal tem capital para investir, quanto mais para especular com a compra de outros, como ocorreu no caso da bolha norte-americana. Porém, uma minoria tem sobra de dinheiro. Quando o crédito fácil sustenta mercados imobiliários especulativos, adiciona-se outro componente, expectativa de alta, à avaliação dos preços das moradias, o que os afasta ainda mais dos fundamentos econômicos. Compra-se, de maneira apressada, porque se antecipa ainda maior valorização. Outro argumento é que o crédito com recursos da poupança, oferecido a taxa de juros entre 9,5% e 12% ao ano, mais indexador, ainda é caro, se comparado a qualquer país do mundo. Mas é barato em relação à época do regime de alta inflação, sem falar no caso do financiamento subsidiado com recursos do FGTS. Alega-se que o volume de crédito imobiliário em relação ao PIB, no Brasil, é muito baixo, tendo portanto potencial para crescer, porém se esquece que houve reestruturação patrimonial da Caixa. Não se contabiliza a capitalização dos empréstimos ocorridos nas décadas passadas. Foram “perdidas”... Supõe-se que a expertise dos bancos brasileiros na avaliação dos riscos dos empréstimos imobiliários, cuja aprovação baseia-se na capacidade de pagamento comprovada do mutuário, seria salvaguarda suficiente. Não se acautela com a possibilidade de súbita venda em massa dos imóveis – e fidúcia virar “mico”. A expressiva valorização de imóveis tem sido mais forte em regiões mais nobres de metrópoles. Preços de imóveis são estabelecidos muito mais em função do status da localização, isto é, valor de mercado dos terrenos, do que propriamente do custo de produção da residência. A alta dos preços dos imóveis não foi acompanhada pelos elevação proporcional dos alugueis. Por exemplo, em Ipanema/Leblon se avalia apartamento de dois quartos por R$ 1,2 milhão, mas dificilmente se consegue aluga-lo por R$ 4 mil, ou seja, 0,3% ao mês. O custo de oportunidade dos rentistas leva à perda de capital. O moderno setor de construção tem plena capacidade de construir grande número de apartamentos em edifícios altos por preços muito inferiores aos atingidos, atualmente, pelas moradias em muitas áreas urbanas. Isso deve servir de freio, em médio prazo (cinco anos), à escalada dos preços dos imóveis. Fernando Nogueira da Costa _Tanto os líderes do PSDB quanto a série global ‘O Brado Retumbante’ já estão precocemente em 2014. Tendo o ex-governador mineiro Aécio Neves como “candidato natural” (Fernando Henrique Cardoso à publicação britânica The Economist), essa parceria pretende tirar boas noites de sono de Lula e Dilma.
Pela parte tucana nada surpreendente. Depois de três derrotas seguidas e atuações vexatórias, que só não destruíram a imagem do partido pela falta de competência dos outros grupos oposicionistas, era de se esperar que voltasse mais organizado, ou pelo menos tentasse, já que o povo não agrada mais do elitismo da dita socialdemocracia brasileira. Para voltar a ser competitivo, frente à hegemonia do lulismo, o PSDB vem chamando pra si a responsabilidade pelo sucesso econômico e social do governo petista. Verdade ou não, e eu acredito na segunda opção, isso não tem convencido o eleitor que continua colocando Lula muito a frente de FHC na lista de melhores presidentes. O que me assusta é o descaramento global, afinal de contas essa prática deveria ter acabado em 1989. Não há dúvidas que o deputado Paulo Ventura, jovem, bonitão e mulherengo, líder da oposição, defensor da honestidade; é a cópia quase perfeita de Aécio, não fora a falta da blitz da lei seca e os escândalos de corrupção encobertos pela imprensa mineira. De agora em diante vai ser assim. Querendo voltar pra mamata dos tempos de Pimenta da Veiga nas comunicações, a rede dos Marinho começa com um seriado; depois plantará factoides; transformará uma bolinha de papel em pedra, tijolo ou algo do tipo; e por fim recontrata Boris Casoy pra fraudar um debate. Já conhecemos essa história. O povo brasileiro tem de abrir bem os olhos e não se deixar manipular por essa corporação jurássica. A sorte é que nos dias de hoje, diferente da década de 1980, temos um líder capaz de, politicamente, sustentar-se ainda que a Globo não queira. Raoni Ras _Este é um assunto que há tempos penso em escrever, mas apenas neste começo de ano, aproveitando boas e merecidas férias, consegui refletir e chegar a um bom termo sobre este tema que considero intrigante e desafiador.
Por que o brasileiro protesta tanto na internet e não transforma isto em protestos reais? Observando apenas o Facebook, uma das mídias sociais mais utilizadas no Brasil, vemos inúmeras comunidades a favor da ética na política, contra corrupção, a favor da corregedora do Conselho Nacional de Justiça e até algumas mais insólitas, como as que propõem a divisão do país em vários pequenos países, tendo uma para o Sul, outra para o Nordeste, outra para São Paulo e assim por diante. Além das redes sociais, há alguns sites de petições públicas, onde alguém posta uma petição e começa a enviar convites para assinarem e, quem sabe, algum dia, isto se torne realidade. E há petições para tudo, para reforma política, diminuição da carga tributária, duplicação de estradas, redução de tarifas etc. O intrigante deste assunto é que, embora com debates acalorados e indignações monumentais na internet, os movimentos não ganham as ruas e, quando ganham, o resultado é modesto (com honrosas exceções como, por exemplo, o movimento pela federalização da Universidade Regional de Blumenau-SC que conseguiu levar mais de 7.000 pessoas para as ruas). E por que isto acontece? Será que somos um povo pacato por natureza e que aceitamos tudo o que nos é proposto? Apesar de ser uma resposta simplista, creio não ser verdade, visto que a população já fez manifestações imensas nas ruas, tais como Diretas Já, impeachment do ex-presidente Collor, campanhas salariais de diversas categorias, mobilizações estudantis por causas não tão estudantis, como, por exemplo, aumento de passagens de ônibus etc. Além do povo pacato, há ainda uma segunda explicação: a culpa é da mídia, ou melhor, da grande mídia que está interessada em deixar os brasileiros na ignorância e está de conluio com os poderosos de plantão etc. etc. etc. Isto me lembra, quando eu era adolescente e depois na juventude (décadas de 80 e 90), do bordão “Fora FMI”. O FMI era culpado das nossas mazelas. Dívida externa? Pobreza? Baixos salários? Ditadura? Inflação? Educação ruim? Saúde em frangalhos? Unha encravada? Culpa do FMI. Agora a bola da vez é a mídia. Todos os males brasileiros são culpa da grande mídia, da imprensa chapa branca e tudo o mais que sempre ouvimos. Entretanto, no final de 2011, o movimento contra a corrupção no Facebook, com milhares de seguidores tentou ir para o mundo real, com resultados decepcionantes, com, por exemplo, 100 pessoas na Avenida Paulista e o fato foi coberto com bastante destaque pela grande mídia. Bem, 100 pessoas é menos do que dois ônibus lotados e o grupo contrário a este movimento viu nisso outro conluio da imprensa para derrubar o governo do PT etc. etc. etc. Então, por que lá fora as manifestações acontecem e aqui não? Qual a causa? Será que eles são tão mais evoluídos do que nós? Creio que não e talvez a resposta seja uma só: economia. Momentos econômicos bons levam ao comodismo da população e o inverso é verdadeiro. Entretanto, isto é assunto para um próximo texto, em breve. Jorge Eduardo Scarpin _“Ninguém ouviu um soluçar de dor no canto do Brasil [...] E de guerra em paz, de paz em guerra todo o povo dessa terra quando pode cantar canta de dor. [...] E ecoa noite e dia, é ensurdecedor. Ai, mas que agonia o canto do trabalhador. Esse canto que devia ser um canto de alegria soa apenas como um soluçar de dor.” Canto Das Três Raças - Clara Nunes
Lendo sobre a morte de Pâmella Munique Volpato, de 17 anos, que faleceu no último dia 06/11/2011, ficamos a meditar sobre quanta intolerância, quanta burrice pode eclodir em um episódio tão cruel, a juventude do Brasil está escapando pelos dedos, a criação geme dores de parto e isso não é ficção e muito menos uma mera coincidência. “Buscando apenas operacionalizar uma incompleta e inconclusa classificação, eu diria que estamos frente ao crescimento de uma violência visível: que se expressa nas mortes e nas lesões corporais; de uma violência invisível: psicológica, espiritual, e o imaginário que provoca insegurança, medo, dor, sofrimento, e discriminação; de uma violência naturalizada pela cultura, que alimenta as exclusões, os preconceitos, os favores, os privilégios, assim como a omissão e a impunidade. É na interpelação desses conjunto de fatores, onde causa e efeito se confundem, que temos que analisar, como aqui está sendo colocado, esse drama social (MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência urbana – Violência como construção social – refletindo com os jovens. Artigo publicado no livro Drama social - Agenda pública. Edição Débora Fajardo. 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ. FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 2002. p.162).” Precisa-se URGENTE de medidas sérias para que os crimes cometidos sejam pelo menos reduzidos, e no caso das torcidas organizadas de times de futebol, a problemática ainda é pior, pois em vez de torcedores que vão aos estádios incentivar seus times, determinados delinquentes usam essa “fachada” para praticar toda a sorte de desordem e atos de violência e crueldade, e em confrontos diretos de seus times em campeonatos nacionais ou estaduais, liga-se o sinal de alerta, pois não se sabe quem no fim irá “matar ou morrer”. No caso da jovem Pâmella Munique Volpato, de 17 anos, que faleceu no último dia 06/11/2011, por três tiros na cabeça por engano, sendo que o alvo seria o seu namorado Wallison Nogueira, por causa de uma rixa já anunciada, é a prova maior do que as torcidas organizadas podem fazer, ela morreu pelo simples fato de torcer para o Goiás Esporte Clube, e de acordo com as investigações policiais, noticias veiculadas na imprensa, e comentários “por assim dizer” esparramados pela cidade de Goiânia-GO, que quem efetuou os disparos possivelmente foram integrantes da torcida “Esquadrão Vila Novense” ou da torcida “Sangue Colorado”, estas torcidas organizadas do Vila Nova Futebol Clube, sendo que a mesma foi perseguida por seus algozes, até ser alvejada com os 03 tiros fatais que a mataram na hora dos disparos. Para nós que somos Esmeraldinas assumidas, não é a rivalidade que nos traz tristeza, mas é como as pessoas canalizam suas energias, que em vez de serem para coisas úteis e de promoção da cidadania, fazem com que sua paixão deliberem todo o tipo de crueldade. “Quem não tem nada a perder pode perder tudo. A justiça pelas próprias mãos, mais pela revolta, a legitima defesa ou não, a autodefesa. E quando não se crê mais nas autoridades ou não se espera que as autoridades resolvam, realmente nós voltamos para a Antiguidade, com a justiça pelas próprias mãos, com a vingança privada (KOSOVSKI. Esther. Violência urbana – Um outro olhar: da política criminal à polícia vitimal. Artigo publicado no livro Drama social - Agenda pública. Edição Débora Fajardo. 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ. FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 2002. p.154).” Em Goiás este tipo de evento se tornou rotina, pois as torcidas de Goiás e Vila Nova, são rivais de morte. Tanto é que na maioria dos eventos ocorridos tanto quem os pratica, como suas vítimas estão na faixa etária entre 13 e 29 anos. Causando pânico e terror na sociedade, já que como já ilustrado nestas linhas por estas duas escribas, para estes integrantes de torcidas organizadas que praticam os atos delituosos, tanto faz “matar ou morrer.” Geralmente a existência de gangues é um fenômeno da juventude atual em quase todos os centros urbanos, e suas vitimas costumam ser seus próprios componentes e rivais. “No mundo inteiro e historicamente, a adolescência e a juventude são reconhecidas como a etapa existencial da rebeldia, da insubordinação e da transgressão. Se pensarmos como Durkheim, trata-se de um fato normal, porque pode ser reconhecido pela sua regularidade e incidência (MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência urbana – Violência como construção social – refletindo com os jovens. Artigo publicado no livro Drama social - Agenda pública. Edição Débora Fajardo. 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ. FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. 2002. p.172-173).” Na realidade, como já dito nestas linhas além de gerar, pânico, terror, e desordem social gera-se um grande descrédito no direito e na justiça, já que não são todos os casos resolvidos de acordo com a letra da lei, sejam por falta de provas, pela menoridade dos agentes infratores, pelas brechas existentes na legislação, ou por outros motivos que estão além da vontade dos legisladores, e dos atores sociais envolvidos. As vitimas e a sociedade não precisariam mais se sentir atemorizadas com os atos praticados por gangues, grupos de baderneiros, e etc. Um outro mundo deveria ser possível e o seria com uma nova postura, um novo viés para pelo menos amenizar e diminuir as desigualdades e exclusões sociais que fazem por explodir os índices de criminalidade, gerando total apreensão aos cidadãos de bem. SER ESMERALDINO é estar em estado de espírito. Agora sair matando e morrendo pessoas, não faz o MENOR SENTIDO! Temos ÓTIMOS amigos Vila Novenses, temos ÓTIMOS amigos que são Esmeraldinos. Só o riso, o amor e o prazer merecem revanche, o resto é perda de tempo e de vida! CHEGA de violência dentro e fora dos estádios! Será que a JUSTIÇA só vela pelos ricos? O SENHOR DEUS DE ISRAEL, e DEUS da nossas vidas, vigia os ricos, mas ama os que vem do gueto! Fernanda Santos |